8 previsões para 2030

Desde sempre os homens procuraram prever o futuro, quer consultando astrólogos e adivinhos quer traçando linhas de tendência, para prever a evolução dos mercados. Mas mesmo os mais complexos cálculos matemáticos acabam por falhar quando uma insignificante variável altera toda a equação.

Prever o futuro, mesmo quando a previsão é validada por prestigiados cientistas, é sempre arriscar uma probabilidade que se presume certa, escolhida entre outras que, no mesmo contexto, são consideradas erradas. O que parece lógico pode vir a revelar-se um erro a que só o tempo dará razão.

Nassim Taleb explicou isso mesmo no seu livro Cisne Negro, com o que chamou ‘a lógica do peru‘: Se o animal pudesse pensar, acharia que os humanos são umas adoráveis criaturas, que o abrigam e alimentam, até que na véspera do dia de Ação de Graças, acontece algo que fará o peru mudar subitamente de opinião.

Apesar desta incerteza, instituições globais, arriscam lançar previsões por vezes com uma década de antecedência ou mais, como é o caso do Fórum Económico Mundial. Esta instituição decidiu promover a reunião dos Global Future Councils, constituídos por grupos de reflexão compostos por especialistas de várias áreas de atividade que, a partir deste ano, se vão passar a reunir anualmente para discutir e opinar sobre o futuro do mundo. A primeira reunião aconteceu em meados de novembro, nos Emirados Árabes Unidos. Aos cerca de 700 sábios convocados pelo Fórum Económico Mundial foi-lhes pedido para imaginarem o mundo em 2030.

Os especialistas dos Global Future Councils analisaram 35 áreas da sociedade, ciência e economia global, destas o Empreendedor destaca oito tendências e arrisca, a partir delas, adivinhar oportunidades de negócio, admitindo que é alta a possibilidade de errarmos. Tome nota:

1. A Era da Partilha – ‘Eu não possuo nada’, escreve a deputada dinamarquesa Ida Auken que participou na reunião, e ela acredita que no ano 2030 será assim para uma parte significativa das pessoas. Vamos avançar para a sociedade da partilha. Partilharemos casa, carro, eletrodomésticos ou até mesmo roupa.

Dito assim pode parecer estranho, mas quando pensamos em startups como Uber, Uniplaces, Chic by Choice, ou eSolidar , percebemos que todos esses conceitos já existem, o que os especialistas do Fórum Económico Mundial nos dizem é que essa tendência vai continuar.

O que o Empreendedor sugere é que talvez valha a pena procurar novas ideias e plataformas para incentivar a partilha. As lojas tradicionais também se tornarão raras, ou terão de se reinventar. A partilha vai reduzir o consumo, mas também vão crescer as compras online, pelo que também pode ser uma boa oportunidade para o desenvolvimento de formas cada vez mais eficazes de pagamento seguro.

2. Maiores preocupações Ambientais – Apesar das ameaças de Trump vir a rasgar o acordo sobre o clima, os especialistas consultados pelo Fórum Económico Mundial são unânimes quanto à tendência para o recuo no consumo de combustíveis a partir do carbono. A indústria automóvel tem em curso uma mudança para o elétrico e os painéis solares são cada vez mais eficientes e baratos. Assim o Empreendedor vê, a partir destas tendências, oportunidades para projetos empresariais nas áreas das energias renováveis, quer criando novas soluções tecnológicas quer encontrando formas criativas das comercializar.

energia alternativa

n3. O Negócio da Guerra – Esta pode não ser uma boa notícia, mas os peritos dos Global Future Councils acreditam que, na próxima década, vamos assistir a uma corrida ao armamento.

Os próximos tempos vão ser marcados pelo declínio do ‘Império Americano’, em vez de uma única superpotência, teremos uma boa meia dúzia de potências militares a disputar uma parcela do poder global. Estados Unidos, China, Rússia, India, Alemanha e Japão vão aumentar substancialmente os seus orçamentos militares, mas muitas outras nações também vão procurar reforçar o seu poderio de defesa.

A diversidade da procura pode, no entanto, ser uma boa oportunidade para empreendedores desenvolverem – e venderem – projetos em setores como guerra eletrónica, drones, robótica, ou outro tipo de equipamento de utilização civil ou militar.

4. O Médico em Casa – Os avanços na medicina vão tornar os tratamentos menos invasivos, encurtando os períodos de internamento hospitalar. O risco de bactérias cada vez mais resistentes e o crescente desenvolvimento da telemedicina vão contribuir para que muitos tratamentos sejam feitos em casa.

Neste setor, o Empreendedor vê oportunidades no desenvolvimento de telemetria médica, de baixo custo e fácil utilização. Ainda oportunidades para serviços de apoio domiciliário especializados e aluguer de equipamento hospitalar.n n5. Novos Alimentos – Não, os especialistas consultados pelo Fórum Económico Mundial não preveem a comida em pilulas, como imaginavam os sábios que no inicio do século XX adivinhavam como viveríamos hoje. Pelo contrário, os peritos dos Global Future Councils esperam um retorno aos sabores artesanais.

A preocupação com o ambiente e um estilo de vida mais saudável vão exigir produtos tradicionais. O problema é que a procura deste tipo de produtos vai exigir novas soluções que produzam em quantidade para satisfazer a procura, sem perder as características artesanais. Nesta área surgem oportunidades para melhorar as cadeias de distribuição, procurar novos conceitos inspirados em velhas tradições.

O aumento da população e o crescimento do poder de compra de chineses e indianos vai contribuir também para um aumento dos preços dos produtos alimentares, pelo que um projeto agrícola eficiente e bem planeado por ser um bom negócio no futuro.

refugiados

n6. O Drama dos Refugiados – O drama dos refugiados está para ficar. Não só porque a crise síria ainda vai perdurar, como as guerras e conflitos sociais estão longe de acabar.

As alterações climáticas, a fome e as tragédias naturais também vão produzir, ao longo da próxima década, novas ondas de refugiados não apenas rumo aos Estados mais ricos, mas sobretudo, procurando refúgio junto dos países vizinhos, muitas vezes também eles empobrecidos.

Encontrar soluções para as populações em movimento é um desafio também para os empreendedores. Abrigo, alimentação, higiene, são áreas com potencial para projetos de empreendedorismo, também o desenvolvimento de iniciativas que possam levar os refugiados a fixar-se na sua terra natal.

7. Perda de Valores – O Ocidente está a perder os seus valores, alertam os peritos consultados pelo Fórum Económico Mundial. O discurso xenófobo e racista vai crescer à medida que a população maioritária se sinta ameaçada nos seus empregos ou segurança. As tensões vão agravar-se, dizem.

Vão continuar a construir-se muros, a reforçar as fronteiras, a criarem-se campos de ‘retenção’. Se alguns podem ver aqui oportunidades para empresas de segurança ou condomínios exclusivos, nós vemos oportunidades para ONG’s e empreendedorismo social, no apoio ao acesso à justiça, saúde, educação e também na informação às populações menos desfavorecidas, no desenvolvimento de projetos de reabilitação de habitação social.

8. Espaço a Última Fronteira – Não há previsão do futuro que não aponte para o espaço. Os visionários do passado sonhavam com a Lua e, agora que a atingimos, os visionários do presente apontam para Marte como o próximo passo da humanidade.

Na próxima década vamos assistir a uma nova corrida ao espaço, desta vez não só entre americanos e russos, mas sobretudo com chineses, indianos e europeus. Talvez só os norte-americanos consigam dar o passo de gigante até Marte, e não é certo que seja em 2030.

Certamente que um empreendedor não terá recursos para desenvolver um projeto espacial – se for um investigador científico ainda pode desenvolver uma tecnologia que contribua para o desenvolvimento desse projeto – mas enquanto empreendedor, pode, aproveitando o interesse que o desenvolvimento espacial despertará, explorar um projeto, com os pés bem assentes na Terra, para trazer – por exemplo – Marte até nós.

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