“Unicórnios” captam maior investimento de sempre em capital de risco

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Foto: Pixabay

O investimento em Venture Capital cresceu no primeiro trimestre de 2018. O valor investido em capital de risco foi o maior de sempre a nível global, com as empresas “Unicórnio” a atrair a maior parcela desse investimento, segundo o relatório da consultora KPMG.

O ano de 2018 está a ser favorável para o investimento de capital de risco, com 49,3 mil milhões de dólares levantados ao longo do primeiro trimestre, através de 2661 operações, de acordo com o Venture Pulse Q1 2018, um relatório trimestral sobre tendências de capital de risco publicado pela KPMG.

No primeiro trimestre do ano registou-se um valor recorde de 29,4 mil milhões de dólares investidos no continente americano – 28,2 mil milhões só nos Estados Unidos – o que, combinado com o elevado investimento na Ásia, ajudou a fortalecer o mercado global de capital de risco.

Apesar do crescimento do valor investido, o número global de operações mantém a tendência de descida, o que significa que o investimento se concentra em cada vez menos empresas. “Este tipo de investimentos estão a privilegiar empresas em fases mais avançadas da sua evolução, em parte devido ao número de empresas “unicórnio” em que permaneceram privadas”, declarou Nasser Sattar, Head of Advisory da KPMG Portugal. “Com as entradas em Bolsa de empresas como a Dropbox e Zsclarer e um aumento do número de registos de Ofertas Públicas Iniciais (IPO), este panorama pode mudar a médio-prazo, com a recuperação do investimento em fases mais iniciais”.

A dimensão média das operações alcançou 1,3 milhões de dólares investidos em angel e seed stages; 7,7 milhões em projetos em early stage, e 15 milhões para projetos em fases mais avançadas. Por seu turno o numero global e operações desceu de 3286 no quarto trimestre de 2017 para 2661 no primeiro trimestre de 2018. O número de operações no primeiro trimestre de 2018 representa metade do registado no primeiro trimestre de 2015, com 5480 operações de investimento.

Grande parte deste investimento foi para empresas “unicórnio” – ou seja: empresas avaliadas em mais de mil milhões de dólares – que atraíram 14 mil milhões de dólares de investimentos através de 32 operações. Dessas empresas “unicórnio”, o serviço de armazenamento Dropbox e o serviço de segurança com base na cloud Zscaler, realizaram ofertas públicas iniciais (IPO) atraindo uma importante parcela do investimento de capital de risco. Para o próximo trimestre a tendência deverá manter-se, uma vez que o Spotify entrou em Bolsa em Abril, e o serviço de empréstimos online britânico Funding Circle está a planear abrir o capital este ano.

A indústria das plataformas eletrónicas de transporte de passageiros atraiu um investimento massivo de capital de risco

Competição entre plataformas de transporte de passageiros atinge ponto alto

A indústria das plataformas eletrónicas de transporte de passageiros atraiu um investimento massivo de capital de risco, contabilizando quatro das cinco maiores operações, que incluem: 2,5 mil milhões de dólares conseguidos pela Grab, de Singapura; 1,7 mil milhões angariados pela norte-americana Lyft; 1,5 mil milhões atraídos pela GO-JEK, da Indonésia e 1,25 mil milhões conseguidos pela norte-americana Uber. O fabricante de carros elétricos Faraday Future completa o Top 5, atraindo 1,5 mil milhões.

 

Estados Unidos registam investimento recorde no primeiro trimestre do ano

Os EUA registaram um recorde de investimento em capital de risco no primeiro trimestre de 2018, com 28,2 mil milhões de dólares investidos em 1693 operações. Para além de três megaoperações acima dos mil milhões de dólares, um conjunto de operações acima dos 100 milhões ajudou a elevar este tipo de investimento a um novo patamar. Para além dos transportes e autotech, a biotecnologia esteve em destaque nos EUA este trimestre, com os grandes investimentos na Moderna Therapeutics (500 milhões de dólares), Harmony Biosciences (295 milhões), e Viela Bio (282 milhões).

No continente americano, o Canadá alcançou o seu segundo melhor trimestre de investimento em capital de risco, com 800 milhões de dólares investidos em 72 operações, incluindo um aumento de 219 milhões na produtora de combustíveis alternativos Enerkem. O Brasil também registou um bom trimestre, com a Nubank a conseguir o estatuto de “unicórnio” após um investimento de 150 milhões.

o número de operações na Europa continuou a diminuir acentuadamente

Investimento em capital de risco diminui na Europa 

A Europa registou 5,2 mil milhões de dólares em investimento de Venture Capital no primeiro trimestre de 2018. Porém, o número de operações na Europa continuou a diminuir acentuadamente, caindo para 548, menos de metade das operações registadas no mesmo período do ano passado.

A Alemanha registou o segundo melhor trimestre de investimento em capital de risco, perto dos 1,5 mil milhões de dólares, com forte contributo do investimento de 560 milhões no Grupo Auto1. França alcançou um novo máximo de 767 milhões de dólares de investimento e Espanha registou um trimestre forte, impulsionado pelo investimento de 160 milhões de dólares na Cabify.

 

Mercado asiático marcado atrativo

A Ásia continua a registar grandes operações no primeiro trimestre de 2018, tais como as duas megaoperações de mais de mil milhões de dólares conseguidas pela empresa de Singapura Grab (2,5 mil milhões de Séries numa ronda G de financiamento) e a indonésia CO-JEK, a fechar um financiamento de 1,5 mil milhões numa ronda de série E. Apesar de o investimento em capital de risco na China ter caído acentuadamente de um trimestre para o outro, o país observou um número saudável de operações acima dos 100 milhões de dólares e um aumento no volume de operações. O mercado de capital de risco indiano teve um bom arranque no primeiro trimestre, registando uma forte recuperação do investimento. Os serviços de entregas de produtos alimentares foram a área de investimento mais popular este trimestre, com o “unicórnio” Zomato a captar 200 milhões de dólares e a BigBasket a conseguir mais 300 milhões.

A inteligência artificial continuará a ser uma aposta para investidores

Fortes perspetivas para o resto de 2018

Espera-se que a atividade global de capital de risco continue forte no segundo trimestre de 2018, com um foco crescente em inteligência artificial (AI), autotech e healthtech. Com mais entradas em bolsa esperadas para os próximos trimestres, é provável que se assista também a uma renovação da atividade de investimento em fases mais iniciais dos negócios.

“A inteligência artificial continuará a ser uma aposta para investidores, devido à sua vasta aplicabilidade em vários sectores e indústrias, como por exemplo no campo da saúde, onde tem o potencial de criar um modelo de prestação de cuidados de saúde totalmente novo” acrescentam os responsáveis da KPMG.

 

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