2026 será um ano de escolhas difíceis na energia

A transição energética em 2026 exige equilíbrio entre segurança, preços e descarbonização, alerta Jaime Ruiz-Cabrero da BCG.

marcas de energia mais valiosas devido à instabilidade geopolítica
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A transição energética entra em 2026 marcada por novos equilíbrios: segurança, preços e descarbonização pesam mais do que a velocidade, alerta a BCG.

A transição energética tem sido apresentada durante anos como um caminho inevitável e acelerado. Mas Jaime Ruiz-Cabrero, Managing Director & Senior Partner da BCG Lisboa, introduz agora um ponto de equilíbrio que ajuda a redefinir o debate. O responsável afirma que “não basta ambicionar descarbonizar: é fundamental garantir soluções que sejam competitivas, seguras e sustentáveis a longo prazo”, sublinhando que o grande desafio da década será “conciliar estes três pilares enquanto aceleramos a transformação”.

De acordo com o relatório The Energy Transition’s Next Chapter, publicado pela BCG em setembro, os dados e tendências tornam-se mais claros à luz do alerta de Ruiz-Cabrero.

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Em primeiro lugar, a segurança energética passou a condicionar todas as decisões estratégicas. O relatório já antecipava que os países estão a reforçar cadeias de valor locais, a diversificar tecnologia e a recuperar fontes firmes como nuclear ou gás natural. Em 2026, esta tendência deverá intensificar-se, não como recuo climático, mas como tentativa de estabilizar o sistema num período de elevada incerteza.

Depois, a procura de eletricidade entrou num ciclo de crescimento estrutural, empurrado pelos data centers, pela climatização e pela eletrificação dos transportes. O relatório mostra que as infraestruturas não estão preparadas para este ritmo, e em 2026 essa pressão poderá tornar-se mais evidente, exigindo investimentos mais elevados e decisões mais pragmáticas sobre prioridades.

Ao mesmo tempo, o relatório assinala uma divergência clara entre tecnologias maduras e tecnologias emergentes. Solar, eólica e baterias tornaram-se mais competitivas nos últimos dez anos, enquanto o hidrogénio verde e o armazenamento de longa duração continuam caros e desiguais. É aqui que a leitura de Ruiz-Cabrero se torna crucial: 2026 será um ano em que a transição dependerá da capacidade de escolher soluções que funcionem já, e não apenas as que prometem resultados futuros.

energia limpa para a transição energética
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2026: pragmatismo, estabilidade e investimento consistente

O relatório recomenda, e o alerta de Ruiz-Cabrero reforça, que a próxima fase da transição energética exigirá pragmatismo e coordenação. Operadores de rede, fornecedores, consumidores industriais e decisores políticos terão de alinhar prioridades num sistema que já opera perto do limite.

As empresas que conseguirem gerir o seu risco energético, diversificar fornecimentos e investir em soluções eficientes estarão melhor posicionadas para enfrentar um ano marcado por volatilidade e pressão sobre custos. Para investidores, 2026 será um momento para distinguir tecnologias maduras, que oferecem previsibilidade, de soluções emergentes que dependerão fortemente de políticas públicas e incentivos.

A transição energética em 2026 não será definida apenas pela velocidade da descarbonização, mas pela capacidade de equilibrar segurança, preços e sustentabilidade. O alerta de Ruiz-Cabrero e os dados da BCG mostram que o novo ano começa com exigências mais elevadas que impõem foco na resiliência, tanto quanto na ambição.

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