Portugal quase duplicou a escolarização média da população residente nas últimas três décadas, passando de menos de sete para mais de 12 anos de ensino, um progresso impulsionado sobretudo pelo avanço da escolarização feminina. No entanto, persistem assimetrias regionais e sociais marcadas, segundo o Atlas da Educação 2025, que será apresentado pela EPIS – Empresários pela Inclusão Social no próximo dia 13 de maio, em Lisboa.
O relatório, desenvolvido em parceria com os investigadores da ESCXEL – Associação para a Investigação na Educação, coordenados por David Justino, evidencia uma melhoria clara nos níveis de qualificação da população jovem. Entre os adultos dos 25 aos 44 anos, a média de escolaridade já ultrapassa os 12 anos, um marco inédito para o país.
Apesar deste progresso, o objetivo de universalizar os 12 anos de escolaridade ainda não é uma realidade em todo o território nacional. As dificuldades persistem, sobretudo nas regiões do interior e nas Regiões Autónomas, onde as taxas de abandono e insucesso continuam mais elevadas.
Segundo Diogo Simões Pereira, diretor-geral da EPIS, “o país progrediu, mas as desigualdades persistem”. O responsável destaca as diferenças entre litoral e interior, norte e sul, e zonas urbanas e rurais, notando que, apesar da queda do abandono escolar precoce de mais de 50% para menos de 10% desde 1991, os valores continuam acima da média no sul do país e nos Açores.
As taxas de retenção também merecem atenção, sendo mais elevadas nas transições entre ciclos — especialmente do 1.º para o 2.º ciclo e do 3.º para o secundário — e com maior incidência entre os rapazes. Esta realidade, segundo o estudo, está diretamente associada ao risco de abandono precoce, perpetuando ciclos de exclusão.
Em termos de desigualdade, o relatório indica que a escolaridade teve um papel mais significativo na redução das disparidades do que os rendimentos, conforme se observa pela evolução do coeficiente de Gini. Ainda assim, a escola não tem sido suficiente para corrigir por completo os efeitos das desigualdades estruturais do mercado de trabalho.
O Atlas analisa ainda o impacto do contexto socioeconómico nos resultados dos exames nacionais do 12.º ano (2018-2022) e identifica agrupamentos escolares que, mesmo em ambientes desfavorecidos, apresentam desempenhos acima da média, comprovando que “a escola pode fazer a diferença”.
A edição de 2025 é assinada por David Justino, Susana Batista, Liliana Pascueiro, Paula Reis, Teresa Santos, Tatiana Matos e Marta Vaz, e conjuga dados estatísticos, análises territoriais e comparações internacionais. A apresentação pública terá lugar no auditório do IAPMEI, em Lisboa, no dia 13 de maio, às 15h.