Apesar de uma redução mensal nas insolvências, os dados mais recentes da Iberinform revelam que o número de empresas insolventes em Portugal aumentou 10% nos primeiros quatro meses de 2025 face ao mesmo período do ano anterior. Entre janeiro e abril, foram registadas 1.359 insolvências, mais 124 do que em 2024, num contexto que continua a refletir as dificuldades económicas enfrentadas por muitos setores.
O mês de abril trouxe, no entanto, um alívio momentâneo, com uma queda de 12% no número de insolvências face a abril do ano passado. Ainda assim, os indicadores acumulados mantêm uma trajetória ascendente. As declarações de insolvência apresentadas pelas próprias empresas aumentaram 41%, e os processos requeridos por terceiros cresceram 7%.
Os distritos de Lisboa e do Porto continuam a liderar em número de insolvências, com 323 e 348 casos, respetivamente, traduzindo-se em aumentos de 15% e 12% face ao ano anterior. A tendência de subida é particularmente acentuada em regiões como Portalegre, Vila Real, Évora, Leiria e Bragança, onde as insolvências registaram crescimentos acima dos 40%.
Em termos setoriais, o maior agravamento regista-se nas áreas da Indústria Extrativa, Agricultura, Telecomunicações e Transportes. Por contraste, os setores da Eletricidade, Gás e Água, bem como a Indústria Transformadora, conseguiram evitar o aumento de insolvências, registando uma redução nos casos.
Paralelamente, o número de novas constituições de empresas caiu 26% em abril, passando de 4.295 para 3.199 face ao mesmo mês de 2024. Lisboa e Porto continuam a liderar em volume de novas empresas, mas ambas as regiões registaram uma quebra face ao ano anterior.
Segundo análise da consultora Capitalizar, especializada em reestruturações empresariais, o crescimento acumulado das insolvências é reflexo das fragilidades estruturais agravadas por um contexto económico instável. No entanto, sublinha que a insolvência não deve ser encarada como inevitável.
Para José Pedro Pais, partner da Capitalizar, “o aumento das insolvências empresariais é um sinal claro de que as empresas em Portugal estão a enfrentar dificuldades financeiras significativas. Mas o diagnóstico financeiro atempado e o apoio especializado são fatores determinantes na recuperação. Com orientação certa, é possível evitar a insolvência e reposicionar as empresas para o sucesso a longo prazo”.
