Barómetro financeiro: Quase metade dos portugueses não consegue poupar regularmente

Estudo do Doutor Finanças e da Universidade Católica mostra que apenas 53% paga sempre os seus créditos e que a literacia financeira familiar continua a ser limitada.

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A primeira edição do Barómetro de Hábitos Financeiros dos Portugueses, desenvolvido pelo site Doutor Finanças em parceria com o Centro de Estudos Aplicados da Universidade Católica Portuguesa, revela que a maioria da população continua a enfrentar sérias dificuldades na gestão financeira pessoal. O estudo indica que 45% dos portugueses não consegue poupar regularmente e apenas 53% afirma cumprir sempre com o pagamento dos seus créditos.

A investigação, que pretende monitorizar os comportamentos e níveis de literacia financeira dos portugueses, aponta ainda para uma falta significativa de planeamento e de diálogo familiar sobre dinheiro. Mais de um terço dos inquiridos admite falar pouco ou nada sobre finanças no seio familiar, tendência especialmente acentuada nas faixas etárias mais velhas.

Quanto às práticas de poupança e investimento, os portugueses continuam a privilegiar abordagens conservadoras, com os depósitos a prazo e os certificados de aforro a liderarem as preferências. A segurança é o fator mais valorizado na escolha de produtos financeiros, sobrepondo-se à rentabilidade. Apenas uma minoria recorre a opções como ativos digitais ou instrumentos financeiros mais sofisticados.

O estudo observa também que a gestão do crédito apresenta fragilidades. Embora 27% dos inquiridos tenha crédito à habitação, apenas pouco mais de metade declara cumprir sempre os pagamentos atempadamente, e uma significativa percentagem evita responder à questão, revelando um padrão de evasão ou desconhecimento transversal aos diferentes níveis de rendimento.

Outro dado preocupante prende-se com a formação financeira das gerações mais novas. A maioria dos pais dá dinheiro aos filhos apenas quando solicitado, com poucos a envolvê-los ativamente na gestão dos seus próprios recursos. O mealheiro e a conta a prazo continuam a ser os métodos mais comuns de poupança, com escassa utilização de produtos estruturados ou ferramentas digitais.

Para Sérgio Cardoso, Chief Education Officer do Doutor Finanças, “os resultados deste Barómetro mostram que os desafios financeiros que os portugueses enfrentam são estruturais e não meramente conjunturais”. O responsável acrescenta que “a ausência de hábitos de poupança e a falta de planeamento continuam a comprometer o bem-estar financeiro das famílias”.

O estudo foi conduzido em abril de 2025, com uma amostra de 700 participantes representativos da população portuguesa adulta, e será atualizado periodicamente para acompanhar a evolução da literacia e dos comportamentos financeiros em Portugal.

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