A ligação entre os departamentos financeiro e de recursos humanos é cada vez mais reconhecida como essencial para o crescimento sustentável das empresas. No entanto, apesar do consenso sobre o seu potencial, o relatório SAP Concur CFO Insights 2025 revela que a colaboração entre CFOs e CHROs continua aquém do desejável, com obstáculos estruturais e culturais a limitar uma cooperação verdadeiramente estratégica.
A colaboração como motor de crescimento
O core das funções dos CFOs e CHROs está intimamente ligado ao crescimento: os primeiros disponibilizam dados financeiros críticos para o planeamento da força de trabalho; os segundos gerem o talento necessário para atingir os objetivos da organização. Quase metade (48%) dos líderes financeiros reconhece que a atração e retenção de talento é uma das chaves para o crescimento, mas os responsáveis de RH alertam que não basta reconhecer a importância — é necessário agir com recursos, transparência e objetivos comuns.

Recursos Humanos querem mais apoio dos CFOs
Os líderes de RH procuram maior alinhamento com os CFOs, nomeadamente em estratégias de remuneração e benefícios (42%), planeamento da força de trabalho com base em insights financeiros (54%) e medição do impacto das iniciativas de RH (48%). Também gostariam de ver reforçadas as alocações orçamentais para as suas ações (44%).
Contudo, esta colaboração enfrenta entraves relevantes: insuficiente partilha de dados, falta de transparência, prioridades conflitantes e ausência de reuniões regulares são os principais bloqueios identificados pelos CHROs. Para os superar, defendem a criação de grupos de trabalho multifuncionais e orçamentos colaborativos mais flexíveis.
Pressão para entregar mais com menos
Apesar de 83% dos líderes de RH reconhecerem que melhorar a experiência dos colaboradores é uma prioridade, 38% admitem não ter os recursos necessários para o fazer. A importância de salário competitivo, boas condições de trabalho, equilíbrio entre vida pessoal e profissional e perspetivas de progressão é amplamente reconhecida, também em Portugal, como destaca o estudo Randstad Employer Brand Research 2025.
Esta dissonância entre objetivos e capacidade de execução pode limitar o impacto das políticas de RH, especialmente quando os desafios de 2025 exigem uma abordagem mais integrada e estratégica por parte do C-suite.

IA, ESG e segurança em viagem no radar dos RH
A inteligência artificial está a transformar gradualmente os processos de RH. Ainda que 68% dos responsáveis considerem que as suas iniciativas superaram as expectativas, cerca de um terço admite que os resultados ficaram aquém. Em Portugal, o uso da IA no local de trabalho aumentou para 17% — com a geração Z a liderar a adoção.
Também as políticas de viagem têm sido revistas: 99% dos CHROs atualizaram procedimentos, reforçando segurança (51%), flexibilidade (46%) e apoio ao trabalho remoto (42%). A conformidade com critérios ESG está igualmente a moldar estas políticas, com 59% dos líderes a integrarem opções mais ecológicas.
Para lá do silo: colaboração como imperativo
A resistência a sair dos respetivos silos funcionais está a custar às empresas oportunidades concretas de crescimento. Os dados mostram que os CFOs continuam a ver-se como os principais impulsionadores do negócio (81%), mas sem uma colaboração efetiva com os RH, esse crescimento pode ser limitado.
O relatório deixa uma mensagem clara: a colaboração entre CFOs e CHROs não é um luxo estratégico — é uma necessidade operacional.