Digitalização dos serviços públicos na UE com fragilidades em acessibilidade e cibersegurança

Relatório eGovernment Benchmark 2025 revela avanço da digitalização na UE, mas alerta para fragilidades em cibersegurança, acessibilidade e serviços transfronteiriços.

Foto de Freepok

A 22.ª edição do eGovernment Benchmark, publicada pela Capgemini, revela progressos assinaláveis na digitalização dos serviços públicos em toda a União Europeia, mas também identifica desafios persistentes, sobretudo no que toca à cibersegurança, acessibilidade e cobertura dos serviços transfronteiriços. O relatório, que avaliou mais de 14.000 websites públicos em 27 Estados-Membros, destaca que 93% dos processos administrativos estão hoje disponíveis em plataformas digitais, colocando a Europa a meio caminho do cumprimento das metas da Digital Decade 2030.

A análise centra-se em nove momentos-chave da vida de cidadãos e empresas, como mudar de residência ou criar uma empresa. A pontuação média da digitalização subiu 5%, tanto para utilizadores individuais como empresariais. No entanto, os cidadãos que acedem a serviços fora do seu país de origem continuam a enfrentar obstáculos, num contexto em que o Once-Only Technical System (OOTS) ainda não foi plenamente implementado.

“O setor público europeu está a avançar com rapidez, apoiado por infraestruturas digitais robustas e maior consciência sobre o valor dos dados”, explica Marc Reinhardt, Public Sector Global Industry Leader da Capgemini. Ainda assim, reforça que “a criação de um setor público digital inclusivo e eficiente exige bases sólidas em matéria de dados, privacidade e equidade”.

A inteligência artificial está a ganhar terreno nos serviços públicos digitais. Quase metade dos portais oferece apoio em tempo real, geralmente via chatbots, mas os benefícios só se concretizam quando acompanhados por normas rigorosas de privacidade e acessibilidade. O relatório revela que 57% dos websites das administrações públicas ainda não cumprem nenhum dos critérios básicos das Web Content Accessibility Guidelines (WCAG), limitando o acesso de cidadãos com deficiência a serviços essenciais.

A cibersegurança é outra área crítica. Apenas um país da UE cumpre integralmente os 13 critérios de segurança avaliados. No entanto, 45% dos websites testados já superam os objetivos mínimos de proteção, um sinal de progresso num campo onde a confiança e a resiliência digital são fundamentais.

A poucos anos de 2030, data limite para que todos os serviços públicos estejam acessíveis digitalmente, o eGovernment Benchmark 2025 conclui que a Europa segue a trajetória certa, mas exige atenção redobrada a setores menos avançados, como a saúde, e a grupos de utilizadores ainda excluídos da plena utilização dos serviços digitais.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor escreva o seu comentário!
Por favor coloque o seu nome aqui

twenty − three =