Apesar de um cenário marcado pela imposição de tarifas e elevada incerteza, a atividade global de fusões e aquisições (M&A) atingiu os 267 mil milhões de dólares até maio, traduzindo um crescimento de 11% face ao ano anterior. Os dados constam do relatório semestral de M&A da Bain & Company, que destaca a resiliência estratégica das principais empresas perante disrupções sucessivas.
Segundo a consultora, este desempenho resulta da capacidade dos executivos mais experientes em manter uma visão de longo prazo e adaptar-se rapidamente aos novos desafios. O atual contexto representa o terceiro grande choque nos últimos cinco anos — depois da pandemia e do aumento das taxas de juro — mas não está a travar os planos estratégicos de M&A.
A Bain antecipa uma nova vaga de negócios orientados para o futuro, com foco em escala, capacidades tecnológicas e desinvestimentos estratégicos. Mesmo com taxas de juro elevadas, obstáculos regulatórios e disrupção provocada pela inteligência artificial, muitas empresas estão já a rever os seus portfólios e pipelines de investimento com vista à adaptação ao novo enquadramento tarifário.

O relatório salienta que, embora abril tenha registado uma queda no valor das transações devido à escalada tarifária, maio já demonstrou sinais de recuperação. “É precisamente nos momentos de adversidade que os líderes mais experientes encontram oportunidades e avançam com transformações”, sublinha Álvaro Pires, partner da Bain & Company.
Entre os setores analisados, o industrial foi o mais afetado, com uma queda de 15% no valor das transações. Já o setor tecnológico recuperou, impulsionado por aquisições ligadas à inteligência artificial em diversos segmentos.
Apesar do cenário complexo, a consultora mantém uma perspetiva otimista para 2025, apontando para a importância da convicção estratégica e da capacidade de adaptação como chaves para o sucesso no atual ciclo de investimento global.