Cidades continuam a desperdiçar energia

Estudo alerta que, sem coordenação digital entre edifícios, até os bairros mais conectados continuam a usar energia de forma ineficiente.

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Os distritos urbanos de uso misto estão a transformar o planeamento das cidades, mas a gestão da energia continua desalinhada com esse avanço. Segundo o Sustainable Futures Journal, publicado em julho de 2025, 75% da energia global é consumida nas cidades, que representam também 80% das emissões de CO₂. Os especialistas defendem que o combate ao desperdício energético deve centrar-se na forma como os bairros produzem, partilham e consomem energia — e não apenas na eficiência de edifícios isolados.

Cidades como Amesterdão e Copenhaga já estão a testar este modelo com os chamados Positive Energy Districts (PEDs), zonas urbanas integradas que combinam habitação, comércio, escritórios e transportes e produzem mais energia do que consomem. No entanto, a ausência de coordenação digital entre os sistemas energéticos compromete a eficiência esperada.

“É inevitável que surjam mais bairros mistos, mas não podem ser tratados como edifícios isolados”, alerta Donatas Karčiauskas, CEO da Exergio, empresa especializada em plataformas de otimização energética com base em IA. “O que diferencia um sistema inteligente de um sistema ineficiente é a capacidade dos edifícios interagirem entre si em tempo real.”

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O Energy Efficiency Policy Toolkit 2025 da Agência Internacional de Energia, publicado em junho, reforça esta ideia, apontando a importância de políticas nacionais alinhadas com os municípios, códigos de construção consistentes e estruturas digitais para partilha de dados.

Experiências reais — os chamados urban living labs — já testam soluções como arrefecimento solar, painéis fotovoltaicos integrados, gestão preditiva de climatização e monitorização em tempo real de todo o distrito. No entanto, os resultados variam conforme a forma como os sistemas interagem entre si.

Karčiauskas sublinha que a tecnologia usada é menos determinante do que a forma como a energia é gerida em conjunto: “O próximo passo é o controlo adaptativo — sistemas que respondem ao clima, à ocupação, à pressão na rede e à procura local em tempo real. Ainda hoje, há centros comerciais e edifícios de escritórios com sistemas a operar como se fosse sempre o mesmo dia.”

A investigação mais recente defende que plataformas de otimização baseadas em IA, com partilha de dados entre edifícios, podem ser a chave para desbloquear esse potencial. “O futuro energético das cidades não depende de como os edifícios são construídos, mas de como se comportam. Precisamos de cidades conectadas, adaptativas e inteligentes — e isso é possível com o que já existe”, conclui Karčiauskas.

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