Europa precisa de adotar IA para aumentar eficiência energética nos edifícios

Especialistas alertam: apenas 0,4% dos edifícios comerciais são renovados anualmente, muito abaixo da meta europeia, enquanto escritórios enfrentam desafios de conforto com o regresso ao trabalho presencial.

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A crise da eficiência energética nos edifícios europeus está a agravar-se, com novas análises a revelar que as taxas de renovação estão muito aquém do necessário para cumprir os objetivos climáticos. O Buildings Performance Institute Europe (BPIE) indica que apenas 0,4% dos edifícios comerciais são alvo de renovações energéticas anuais, dez vezes menos do exigido pela União Europeia, que determinou a requalificação de 16% dos edifícios menos eficientes até 2030.

“Estamos a fingir que as renovações profundas estão a acontecer quando, na realidade, mal existem”, alerta Donatas Karčiauskas, CEO da Exergio, empresa especializada em sistemas inteligentes de energia. “Não se pode corrigir o que não se consegue medir, e neste momento ninguém acompanha os dados em tempo real. É essencial adotar plataformas digitais de inteligência energética que identifiquem ineficiências ocultas e otimizem as operações dos edifícios.”

Os edifícios representam cerca de 30% da procura global de energia e 26% das emissões relacionadas com o setor, segundo a Agência Internacional de Energia. Sem uma aceleração drástica nas intervenções, mais de 99% do parque edificado europeu falhará os compromissos assumidos na cimeira do clima COP28.

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Paralelamente, um inquérito da British Chambers of Commerce mostra que 48% das empresas do Reino Unido já exigem presença a tempo inteiro nos escritórios, quase o dobro de 2023. Contudo, muitos edifícios não estão preparados para responder às exigências atuais de conforto, sobretudo em períodos de calor extremo.

“Um escritório meio vazio continua a ser arrefecido como se estivesse cheio, e uma sala de reuniões lotada às 15h funciona com a programação das 9h. Este desfasamento gera desperdício de energia e desconforto”, explica Karčiauskas. A solução, defende, passa por sistemas de controlo baseados em IA, que ajustam automaticamente o aquecimento, ventilação e ar condicionado em função da ocupação real, condições internas e previsões meteorológicas.

Estudos independentes demonstram que estes sistemas podem reduzir em 20% a 30% o consumo energético dos edifícios, mantendo o conforto dos ocupantes. Na experiência da Exergio, a utilização destas plataformas permitiu cortar até 29% do desperdício de energia e recuperar o investimento em apenas um ano.

“Se queremos que os colaboradores regressem ao escritório, não podemos recebê-los com salas abafadas ou secretárias geladas. O conforto é hoje um fator determinante de produtividade e retenção de talento”, conclui Karčiauskas.

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