A maioria dos consumidores europeus (54%) mostra-se pessimista quanto ao estado da economia – mais 7 pontos percentuais do que em 2024, segundo o estudo European Consumers Brace for More Uncertainty da Boston Consulting Group (BCG). Apenas 40% afirmam sentir-se financeiramente seguros, uma quebra de 4 pontos percentuais face ao ano passado.
O relatório indica que 52% dos inquiridos estão preocupados diariamente com a sua situação financeira, um aumento de 9 pontos percentuais. O pessimismo estende-se também ao plano político: 57% dos consumidores manifestam desconfiança quanto à situação política nacional, com valores mais elevados em França (73%), Roménia (71%) e Espanha (70%).
Na tomada de decisão, a relação qualidade-preço é determinante para 59% dos consumidores, seguida da poupança (49%) e do preço baixo (47%). As promoções e descontos continuam a influenciar fortemente as escolhas, com 63% a admitir mudar de marca para opções mais acessíveis. Apesar do contexto económico, a sustentabilidade ganha importância: 45% dizem estar mais preocupados com este tema, embora apenas 17% estejam dispostos a pagar mais por produtos sustentáveis. Paralelamente, cresce a procura por artigos em segunda-mão, especialmente nos países nórdicos.
As lojas físicas mantêm-se essenciais para 72% dos consumidores, sobretudo em bens alimentares e bebidas, mas o comércio eletrónico está a ganhar terreno em categorias como vestuário e eletrodomésticos. As expectativas de entrega rápida estão também a moldar o consumo: 83% esperam receber mercearias em até dois dias.
A análise aponta ainda para uma tendência de contenção nas despesas discricionárias, com quedas significativas em categorias como bebidas alcoólicas (-18 p.p.), vestuário (-22 p.p.) e snacks (-15 p.p.), enquanto os bens essenciais são os únicos a registar aumento, impulsionado pela inflação.
Perante este cenário, a BCG recomenda que as empresas do setor do comércio adotem uma estratégia de equilíbrio: reforçar áreas com maior rentabilidade, diversificar opções acessíveis, gerir margens de forma prudente e investir em inovação e marketing eficiente. A sustentabilidade deve integrar esta estratégia, oferecendo soluções viáveis que acompanhem as novas preferências de consumo.