Sustentabilidade: CEOs passam das palavras à ação

Relatório da Bain mostra que 54% dos CEOs associavam sustentabilidade a valor de negócio em 2024. Inteligência artificial é vista como chave para acelerar impacto ambiental, mas pode representar 17% das emissões industriais até 2035.

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A Bain & Company apresentou a terceira edição do relatório The Visionary CEO’s Guide to Sustainability 2025, que conclui que os líderes empresariais estão a passar de uma fase de definição de metas para ações concretas em matéria de sustentabilidade. Apesar de falarem menos sobre o tema, 54% dos CEOs já associam sustentabilidade a valor para o negócio, mais 18 pontos percentuais face a 2018.

Segundo Francisco Sepúlveda, partner da Bain em Lisboa, “após os primeiros anos de grandes ambições e discussão de metas, os CEOs fizeram no último ano uma reflexão realista sobre a sua agenda de sustentabilidade. Hoje poderão falar menos sobre o tema, mas o que não expressam em palavras traduzem-no em ação — passaram do ‘dizer’ ao ‘fazer’”.

O estudo destaca ainda o papel crescente da inteligência artificial. Mais de 80% dos 400 executivos inquiridos em nove países reconhecem a IA como oportunidade para acelerar metas ambientais, nomeadamente através da redução do consumo energético, da diminuição do desperdício e da melhoria da segurança no trabalho. Contudo, o impacto ambiental da própria tecnologia não pode ser ignorado: num cenário de elevado crescimento, centros de dados e IA poderão emitir 810 milhões de toneladas de CO₂ anuais até 2035, o equivalente a 2% das emissões globais e 17% das industriais.

“A inteligência artificial deixou de ser opcional — é hoje essencial para desbloquear impacto sustentável”, sublinha Diogo Rebelo, senior manager da Bain. “Enquanto muitas empresas ainda estão em fase de testes, líderes já aplicam a IA para reduzir energia e desperdício, melhorar a segurança e acelerar metas ambientais, capturando simultaneamente valor de negócio.”

Os resultados do inquérito evidenciam também que 25% das emissões industriais de dióxido de carbono já podem ser eliminadas de forma rentável, através de medidas como eficiência energética, design circular e relocalização das cadeias de abastecimento. Outros 32% poderão tornar-se economicamente viáveis a médio prazo, dependendo de políticas públicas, inovação tecnológica e alterações no comportamento dos consumidores.

No plano B2B, metade dos compradores já privilegia fornecedores sustentáveis, e 70% planeia reforçar essa prática nos próximos três anos. Entre consumidores finais, quatro em cada cinco continuam a valorizar a sustentabilidade, embora o preço seja uma barreira central: nos EUA, admitem pagar até mais 13% por produtos sustentáveis, mas os preços praticados são, em média, 28% superiores.

O relatório conclui que, em setores estratégicos, a sustentabilidade deixou de ser um elemento de reputação e tornou-se num fator competitivo direto, capaz de gerar valor tangível para empresas, investidores e consumidores.

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