“A IA não resolve tudo, mas amplia a nossa capacidade de ver o que realmente importa”, afirma Thais Sterenberg. A CEO da Elephan.ai falou com Bruno Perin, para o Empreendedor, sobre como os líderes podem transformar a inteligência artificial em crescimento real, em vez de a tratarem como um simples brinquedo tecnológico.
Thais Sterenberg sabe que a inteligência artificial é um território fértil em promessas, mas também um campo minado de distrações. Cofundadora e CEO da Elephan.ai, plataforma que utiliza IA para acelerar o crescimento de negócios B2B, conquistou em pouco tempo reconhecimento internacional, incluindo o prémio de Melhor Case de Crescimento em Startup na Growth Conference 2024. Para ela, o segredo não está em adotar todas as novidades, mas em filtrar o que gera impacto direto na receita e na experiência do cliente.
Foco em meio ao caos
“Mesmo com o mundo da IA a oferecer infinitas possibilidades, a bússola que me norteia é clara: a decisão precisa ter fundamento em dados e gerar receita ou melhorar a vida dos clientes”, afirma. É esta disciplina, explica Thais, que impede a Elephan.ai de se perder em experiências sem retorno e garante que cada investimento seja um passo sólido rumo ao crescimento sustentável.
Num cenário onde novas ferramentas surgem todos os dias, ela defende que clareza estratégica é mais valiosa do que correr atrás de modas tecnológicas.
A IA como copiloto
Para Thais, a inteligência artificial não substitui a liderança humana. “A IA não resolve tudo, nem toma decisões por si. Ela amplia a nossa capacidade de enxergar o que realmente importa. Mostra padrões, mas a decisão final continua a ser 100% humana.”
O alerta serve para CEOs que esperam milagres da tecnologia: a verdadeira vantagem da IA é processar a complexidade e revelar insights ocultos, mas a interpretação e a ação dependem sempre da visão e da intuição do gestor.
O “arroz com feijão” turbinado
Apesar do fascínio pelas inovações, a empresária lembra que o maior diferencial competitivo está muitas vezes em usar IA para reforçar o básico. “Não é sempre a IA mais sofisticada que faz a diferença, mas aplicá-la para turbinar o arroz com feijão: posicionamento do CEO nas redes, relacionamento com clientes, gestão de leads. É aí que o crescimento acontece.”
Segundo Thais, as empresas que compreendem este princípio conseguem transformar tarefas aparentemente simples em motores de crescimento, explorando o potencial da IA não como distração, mas como lente que orienta para onde a intervenção humana tem maior retorno.
A revolução silenciosa
O pensamento de Thais ecoa práticas de gigantes como Google, Intel e LinkedIn: não se trata de “adotar” IA, mas de a integrar como sistema nervoso da empresa. “Enquanto muitas organizações experimentam sem foco, as de alto desempenho usam metodologias como OKR para alinhar cada passo. É isso que transforma a IA numa bússola estratégica e não num brinquedo caro.”
A sua pergunta final é direta e provocatória: “A vossa IA é uma bússola para o lucro ou apenas um brinquedo caro?”