Neste artigo, Carlos Gouveia, CEO da Scoring, defende que a classificação económico-financeira é muito mais do que um indicador técnico — é um instrumento estratégico que pode determinar a sustentabilidade, o crescimento e até o acesso ao crédito das PME em Portugal.
No contexto económico atual, em que a incerteza e a competitividade marcam o ritmo do mercado, torna-se fundamental para qualquer empresa, especialmente para as pequenas e médias empresas (PME), dispor de instrumentos que assegurem uma gestão sólida, transparente e estratégica. A classificação económico-financeira é um desses instrumentos, desempenhando um papel vital na avaliação da saúde e do potencial de crescimento de uma organização.
A importância de medir a saúde financeira das PME
A classificação económico-financeira consiste num sistema de análise que avalia a situação económica e financeira de uma empresa, com base em indicadores como rentabilidade, liquidez, solvabilidade e eficiência. O seu objetivo central é medir a capacidade de gerar resultados, honrar compromissos e manter a sustentabilidade a longo prazo.
Em Portugal, as PME representam 99,9% do tecido empresarial e são responsáveis por cerca de 70% do volume de negócios nacional (dados de 2022). São, por isso, o verdadeiro motor da economia: geram emprego, reduzem o desemprego, promovem a inovação e impulsionam a competitividade internacional. A sua flexibilidade e capacidade de adaptação às mudanças tornam-nas agentes estratégicos para o desenvolvimento do país.
Uma ferramenta estratégica para a gestão e o crescimento
Uma boa classificação económico-financeira pode transformar-se num trunfo estratégico para as PME, facilita o acesso ao crédito, reduzindo riscos percebidos por bancos e instituições financeiras; aumenta a confiança no mercado, melhorando a reputação perante clientes, fornecedores e parceiros; atrai investidores, funcionando como um selo de qualidade financeira; e garante sustentabilidade a longo prazo, apoiando uma gestão mais equilibrada e previsível.
Mais do que uma métrica externa, trata-se de uma ferramenta de gestão que apoia a tomada de decisões estratégicas, desde a alocação de recursos até à definição de planos de expansão. Ao monitorizar os indicadores financeiros, as PME conseguem garantir uma otimização dos custos, ao eliminar desperdícios e aumentar margens de lucro, enquanto prevê cenários, planeia com base em dados reais e otimiza o poder de negociação com bancos e fornecedores.
Credibilidade e acesso facilitado ao financiamento
Este controlo permite uma gestão mais eficiente e orientada para resultados, o que garante maior segurança na execução da estratégia empresarial.
A credibilidade é um dos maiores benefícios de uma boa classificação. Bancos concedem crédito com melhores condições, investidores identificam maior potencial de retorno e fornecedores confiam mais nas parcerias. Isto, enquanto reforçam internamente a sua capacidade de gestão e planeamento. Demonstrar saúde financeira abre portas a juros mais baixos, prazos mais alargados e condições comerciais vantajosas.
Crescer com segurança implica acompanhar continuamente os indicadores financeiros, antecipar riscos e evitar desequilíbrios que possam levar à insolvência. Boas práticas financeiras criam uma base sólida para expansão, permitindo que esta ocorra de forma planeada, controlada e sustentável.
Um apelo à gestão baseada em dados
A classificação económico-financeira não deve ser encarada como uma formalidade externa, mas sim como um investimento estratégico. É, acima de tudo, uma ferramenta que protege contra riscos, abre portas a novas oportunidades e garante que o crescimento ocorre de forma segura e sustentável.
O apelo que deixo aos empresários é simples: adotem a avaliação económico-financeira como aliada de gestão. Só assim poderão transformar desafios em oportunidades e assegurar um futuro sólido para as suas empresas e, por consequência, para a economia nacional. Uma PME financeiramente bem classificada é mais sólida, mais atrativa e mais preparada para enfrentar os desafios do mercado.