A conciliação entre trabalho, família e vida pessoal lidera as prioridades dos inquiridos no estudo da AESE Business School, que aponta também a valorização profissional e a redução da pressão excessiva como fatores-chave para o bem-estar laboral.
A AESE Business School apresentou um estudo sobre saúde mental no trabalho que identifica as cinco medidas organizacionais consideradas mais eficazes para promover o bem-estar psicológico dos colaboradores: conciliação entre trabalho, família e vida pessoal, gestão de conflitos internos, respeito do horário semanal, valorização profissional e redução da pressão excessiva.
A investigação, conduzida por Pedro Afonso (médico psiquiatra e professor da AESE), Miguel Fonseca (professor da Universidade Nova de Lisboa) e José Fonseca Pires (diretor do Programa de Alta Direção de Instituições de Saúde – PADIS), avaliou o impacto de dez medidas organizacionais na perceção de saúde mental dos trabalhadores, com base numa amostra de 598 profissionais da comunidade Alumni da AESE.
“A saúde mental no trabalho é hoje um fator estratégico de gestão. Num contexto de transformação e pressão constantes, as organizações mais competitivas são as que garantem o bem-estar psicológico das suas equipas”, afirma Pedro Afonso. O especialista sublinha ainda que promover ambientes laborais positivos “reduz custos com absentismo e aumenta a produtividade e a satisfação profissional”.
O estudo revela também que a posição hierárquica influencia a perceção de saúde mental: 17,6% dos técnicos reportam má saúde mental, enquanto entre CEO e presidentes essa percentagem desce para 2,3%.
Entre as medidas mais implementadas nas empresas participantes destacam-se a conciliação entre vida pessoal e profissional (75,5%), o respeito do horário semanal (75%), os regimes híbridos de trabalho (67,4%) e a valorização profissional (65,6%). As práticas menos comuns incluem a redução do multitasking (19,9%) e a criação de programas de acompanhamento no regresso ao trabalho (19,5%).
Segundo os autores, “há margem para uma adoção mais ampla de práticas que favorecem a saúde mental, como a redução da sobrecarga e a implementação de políticas de acompanhamento após baixas médicas prolongadas”.
Os participantes têm uma idade média de 51,8 anos, sendo 61% homens e 39% mulheres, e pertencem maioritariamente aos setores da Saúde (23,6%), Indústria (13,1%), Banca e Seguros (10,1%) e Energias e Ambiente (8,7%). Cerca de dois terços ocupam cargos de alta chefia ou administração, e mais de metade trabalham em grandes empresas (57,4%).