“Ter uma estratégia clara é a linha norte da empresa”, afirma Tito Gusmão. O CEO da Warren falou com Bruno Perin para o Empreendedor sobre como os líderes de topo equilibram foco estratégico e inovação sem perder a essência do negócio.
Tito Gusmão conhece bem o dilema de quem lidera em tempos de crescimento acelerado: aproveitar novas oportunidades ou proteger o foco que sustenta o sucesso. À frente da Warren — uma das fintechs de maior crescimento no Brasil, que gere mais de 10 mil milhões de reais em investimentos e movimenta quase 2 biliões em transações anuais — o executivo tornou-se uma referência em estratégia e disciplina empresarial.
Estratégia como linha norte
“O empreendedor tem fome e, quando vê uma oportunidade, quer logo montar uma equipa”, reconhece Tito. “Mas aquilo que parecia ocupar 5% do tempo começa a exigir 10%, depois 15%, até se tornar outro negócio com as suas próprias complexidades.”
Para o CEO, este é o ponto onde muitas empresas se perdem. Cada nova aposta pode parecer pequena, mas somadas diluem o foco e esgotam a capacidade de execução. O segredo, explica, está em avaliar se a iniciativa reforça o core business ou apenas dispersa energia.

Inovação com propósito
Encerrar um projeto nunca é fácil, admite. “É difícil matar alguns negócios, mas é fundamental saber em quais apostar”, diz. A chave, segundo Tito, é o alinhamento estratégico. Na Warren, a inovação ocorre dentro do próprio ecossistema — como a integração de soluções white label noutros players — garantindo crescimento sem desvio da missão principal.
Esta abordagem reflete uma filosofia de gestão pragmática: inovar é essencial, mas só faz sentido quando fortalece o núcleo do negócio.
IA como alavanca estratégica
Tito acredita que a inteligência artificial deve ser tratada como multiplicador de valor, e não apenas como ferramenta de eficiência. “A maioria usa IA como ajudante de escrita. Nós temos um especialista dedicado a extrair o máximo valor da tecnologia para toda a liderança.”
A Warren criou um verdadeiro laboratório de IA, onde a tecnologia é usada para melhorar decisões, acelerar processos e gerar vantagem competitiva. “A IA não é um custo; é investimento estratégico”, defende.

O novo papel da liderança
O que Tito Gusmão implementa na Warren ecoa nas melhores práticas globais de empresas como Google ou Intel, que tornaram a IA parte da sua estrutura decisória. A diferença está na mentalidade: não se trata de “usar” tecnologia, mas de “ser” tecnologia.
A provocação que deixa é direta e inescapável: “A matemática da vossa empresa está a multiplicar resultados ou a dividi-los?”