As opções estratégicas do Orçamento do Estado para 2026 estiveram no centro do debate promovido pela AESE Business School, pelo Forum para a Competitividade e pela Deloitte, num encontro que reuniu especialistas de diferentes áreas para discutir como o país pode reforçar a sua competitividade, produtividade e capacidade de investimento.
Na sessão, Pedro Ferraz da Costa, presidente do Forum para a Competitividade, alertou para a estagnação da economia portuguesa. “A falta de crescimento e de melhorias de produtividade continua a travar o aumento dos salários e do emprego para os jovens que formamos”, afirmou. O economista defendeu ainda um sistema fiscal mais competitivo, sublinhando que “não podemos continuar ao nível dos piores nos rankings internacionais”.
Também Luís Belo, Tax & Legal Leader da Deloitte Portugal, destacou a necessidade de estabilidade e previsibilidade fiscal como condições essenciais para atrair investimento. “O Orçamento do Estado para 2026 valoriza a consolidação orçamental, mas poderia ser mais ambicioso no domínio fiscal. A redução dos custos de contexto e a simplificação do sistema tributário devem ser encaradas como fatores estruturais de política económica”, referiu.
A encerrar o encontro, Maria de Fátima Carioca, Dean da AESE Business School, reforçou a importância de fomentar a produtividade, a inovação e a internacionalização. “A reduzida dimensão média das empresas continua a ser um travão à competitividade. O debate entre especialistas com experiência empresarial, governamental e académica contribui para gerar soluções inovadoras e sustentáveis para o país”, sublinhou.
O evento contou ainda com duas intervenções principais. Paulo Portas, antigo vice-primeiro-ministro e ministro dos Negócios Estrangeiros, destacou a estabilidade política e o crescimento acima da média europeia, mas alertou para o “défice de produtividade por hora trabalhada” e para os desafios da inovação e demografia. Já Ricardo Reis, professor na London School of Economics, analisou a conjuntura internacional, referindo que “a economia dos Estados Unidos tem estado no centro dos choques globais” e que uma eventual correção nos ativos ligados à Inteligência Artificial poderá desencadear “o rastilho de uma nova crise”.
O debate integrou ainda dois painéis temáticos: “O OE 2026 e a Competitividade Fiscal” e “Como pode o OE 2026 ajudar a promover o aumento da dimensão média das empresas e estimular o investimento?”, reforçando o papel do Orçamento como instrumento estratégico para o crescimento sustentável da economia portuguesa.







