Quando a IA Deixa de Automatizar e Começa a Descobrir

Norbert Otten, da Docusign, defende que líderes de elite usam a inteligência artificial para descobrir o inimaginável, não apenas para automatizar.

Na foto: Norbert Otten, Diretor Sénior de Soluções da Docusign na América Latina

Norbert Otten, Diretor Sénior de Soluções da Docusign na América Latina, falou com Bruno Perin para a Revista do Empreendedor sobre a nova fronteira da inteligência artificial: “O futuro pertence a quem usa a IA para descobrir o inimaginável, não apenas para automatizar o conhecido.”

Norbert Otten lidera uma das áreas mais estratégicas da Docusign, empresa que tem redefinido a gestão inteligente de contratos a nível global. Com uma trajetória marcada pela transformação digital e pela aplicação prática da inteligência artificial, Otten tem acompanhado de perto como os líderes de topo, de CEOs a vice-presidentes, estão a usar a IA não apenas para otimizar processos, mas para antecipar o futuro.

“A intuição e os dados não são forças opostas”, começa por afirmar. “O toque da experiência precisa de estar presente. O coração humano gera um campo magnético que influencia a própria pessoa. Nós somos muito mais do que imaginamos. Permito-me sentir para compreender e iniciar a tomada de decisão ‑ mas, sem dados verídicos, é difícil. Então é preciso usar os dois.”

A sua abordagem resume-se a um princípio claro: a verdadeira inteligência, humana ou artificial, nasce da combinação entre intuição e análise.

Norbert Otten, Diretor Sénior de Soluções da Docusign na América Latina (fotograma de vídeo Youtube)

A Diferença Entre Automatizar e Descobrir

Na perspetiva de Norbert Otten, 95% das empresas estão a usar a inteligência artificial de forma limitada: apenas para automatizar o que já fazem. “A IA para a tomada de decisão precisa de ter um olhar e uma ideia específica”, explica. “Jamais um bot que vai gerir a empresa inteira, mas bots com visões personalizadas ‑ do CEO, do VP, de cada área estratégica.”

É esta diferenciação que define o sucesso na era digital. “Um líder de vendas não precisa de IA para enviar relatórios mais depressa, precisa de IA que identifique sinais de expansão antes que o mercado os veja. Um CEO não quer apenas dashboards, quer padrões que antecipem disrupções de mercado.”

A Docusign traduziu esta visão na sua plataforma IAM (Intelligent Agreement Management), concebida para muito mais do que processar contratos. O sistema descobre perspicácias escondidas em dados comerciais, ajudando executivos a antecipar tendências e a compreender melhor os seus relacionamentos de negócio.

Na foto: Norbert Otten, Diretor Sénior de Soluções da Docusign na América Latina

O Hiato da Descoberta

A diferença entre automatizar e descobrir, segundo Otten, não está na capacidade da máquina, mas na curiosidade humana. “Não é uma questão de processamento”, observa. “É uma questão da disponibilidade do ser humano saber o que arquitetar e solicitar. Enquanto a IA não controlar os meios de produção e processamento de dados, o ser humano ainda está no controlo.”

Para ele, os líderes que dominam a arte de fazer as perguntas certas são os que transformam indústrias inteiras. “O problema não é a IA ser limitada, é a nossa capacidade de fazer as questões que desvendam o inimaginável.” Essa fronteira é o que separa as empresas que apenas automatizam das que descobrem novas oportunidades.

Liderar a Revolução Silenciosa

Otten aponta para exemplos claros: “Empresas como a Microsoft, a Amazon ou a Google não lideram por terem melhor tecnologia, mas porque os seus executivos dominam a arte de usar a IA para descobrir oportunidades que outros nem sabem que existem.”

Esta é, segundo ele, a verdadeira revolução silenciosa da liderança contemporânea ‑ a que transforma a inteligência artificial num instrumento de descoberta, e não apenas num meio de eficiência.

“A transformação digital não é sobre tecnologia”, conclui. “É sobre a capacidade de fazer as perguntas certas e usar as ferramentas adequadas para descobrir o que antes era impossível de ver. A IA deve amplificar o pensamento humano, não substituí-lo.”

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