Web Summit 2025: O Ano em que Portugal se Afirmou no Tabuleiro Tecnológico Global

Web Summit 2025 encerra com recordes, anúncios de grandes investimentos e afirmação de Portugal no cenário tecnológico global.

Na foto: Paddy Cosgrave, CEO & Founder da Web Summit na abertura do evento em Lisboa, 2025 (foto de Sam Barnes/Web Summit via Sportsfile)

A edição de 2025 da Web Summit, que encerrou esta quinta-feira em Lisboa, foi marcada por recordes de participação, anúncios de investimento estratégico e uma afirmação renovada do papel de Portugal na economia tecnológica global.

A Web Summit 2025 confirmou a sua posição como uma das maiores conferências tecnológicas do mundo. Segundo dados oficiais da organização, o evento reuniu 71 386 participantes de 157 países, estabeleceu um recorde de 1 857 investidores ‑ mais 74% do que em 2024 ‑ e acolheu 2 725 startups, com a inteligência artificial a dominar o conjunto de soluções apresentadas.

A diversidade de vozes em palco reforçou a amplitude do evento. Anton Osika, Toto Wolff, Maria Sharapova, Rose Wang, Alex Schultz e Cristiano Amon foram algumas das figuras que discutiram, de acordo com o programa oficial, as transformações globais em curso, da tecnologia à economia digital.

Pela primeira vez, foi lançado o China Summit, um espaço dedicado ao diálogo internacional sobre inovação e colaboração tecnológica, reforçando o alcance geopolítico da conferência.

Foto de Web Summit

A dimensão humana: encontros, redes e novas comunidades

Para além dos números, a edição deste ano destacou-se pela aposta nas conexões entre participantes. A organização refere que foram promovidos mais de 400 encontros curados através do Summit Engine, a tecnologia proprietária que aproxima participantes com interesses e objetivos comuns.

As sessões de networking para mulheres na tecnologia e os encontros entre fundadores de alto crescimento estiveram entre os mais procurados, revelando uma tendência clara: a dimensão relacional do evento está a tornar-se tão relevante quanto os próprios palcos.

Entre os momentos mais descontraídos, destacou-se a intervenção do criador Max Klymenko, que levou ao Altice Arena o fenómeno “The Career Ladder”. No espaço de exposição, robôs humanoides da Unitree Robotics atraíram multidões com coreografias que espelham a convergência entre IA, robótica e cultura digital.

na foto: Robô da Unitree durante a Web Summit 2025 (foto de Shauna Clinton/Web Summit via Sportsfile)

IA e infraestrutura: os anúncios que mudam o país

A inteligência artificial marcou presença em cada vertente da conferência, acompanhada por anúncios de investimento que terão impacto duradouro no território nacional.

O Governo português aproveitou o palco da Web Summit para reforçar a estratégia de atração de uma gigafábrica de IA, inicialmente destacada pelo ministro da Reforma do Estado, Gonçalo Matias, e retomada no encerramento por Manuel Castro Almeida, ministro da Economia e Coesão Territorial. O governante afirmou que os investidores encontram em Portugal “um ambiente favorável e um ecossistema de inovação cada vez mais robusto”, deixando um convite direto: “Voltem a Portugal”.

O anúncio da Upwork, que vai instalar em Lisboa o primeiro centro fora dos Estados Unidos e contratar cem profissionais, foi um dos sinais concretos desta aposta.

Em paralelo, Brad Smith, presidente da Microsoft, destacou o investimento da empresa no datacenter da Start Campus em Sines, que prevê um cluster de 200 mil GPUs avaliado em dez mil milhões de dólares. A Start Campus anunciou ainda um investimento de 8,5 mil milhões de euros em infraestruturas digitais, consolidando Sines como polo europeu para operações energéticas e computacionais de larga escala.

Manuel Castro Almeida, Ministro da Economia e Coesão Territorial (foto de Sam Barnes/Web Summit via Sportsfile)

Portugal como plataforma de inovação: o discurso que marcou o encerramento

No encerramento, Manuel Castro Almeida recorreu a uma metáfora histórica para sintetizar a ambição nacional. Descreveu D. Afonso Henriques como “o primeiro empreendedor português”, sublinhando que o país continua a projetar-se no mundo através da combinação entre talento, tecnologia e vocação global.

O ministro destacou que Portugal “inova, projeta, constrói, avança e exporta”, defendendo a expansão territorial da inovação para lá das grandes cidades. A edição deste ano, segundo o governante, demonstra que o país está a atrair capital significativo em setores estratégicos para a próxima década, como data centers, cloud computing e soluções baseadas em IA.

Na foto: Emma Harman, Co-CEO da Whalar (foto de Florencia Tan Jun/Web Summit via Sportsfile)

Tendências emergentes: a economia dos criadores ganha palco

A Web Summit 2025 evidenciou também uma mudança cultural no evento: os criadores digitais emergiram como protagonistas. Painéis como “The Creator Playbook” e “Rewriting Hollywood” encheram salas e demonstraram que a fronteira entre conteúdos, tecnologia e empreendedorismo é cada vez mais ténue.

Khaby Lame, Emma Harman, Jenny Hoyos, Oscar Höglund e vários executivos do sector apresentaram a visão de um ecossistema onde criatividade, audiência e tecnologia se fundem numa nova economia.

“Estamos na era da intensidade, não da escala”, afirmou Emma Harman,  Co-CEO da Whalar, destacando que o impacto cultural supera hoje métricas tradicionais como alcance ou impressões. Este foi um dos temas transversais ao debate internacional, refletindo a ascensão global da creator economy.

Na foto: Equipa da Granter reage ao anuncio do prémio PITCH (Foto de Ramsey Cardy/Web Summit via Sportsfile)

Uma edição que reposiciona Portugal

O balanço da edição de 2025 revela uma conferência que já não se limita a ser o maior encontro tecnológico europeu. É também um espaço onde se testam tendências globais, se afirmam novos protagonistas e se selam compromissos estratégicos.

Os investimentos anunciados, a presença recorde de investidores e o reforço do papel diplomático do evento indicam que Portugal está a transformar-se num território central para a economia digital. A próxima edição, marcada para 9 a 12 de novembro de 2026, regressará a Lisboa com expectativas elevadas e com um ecossistema nacional mais maduro, mais visível e, sobretudo, mais competitivo.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor escreva o seu comentário!
Por favor coloque o seu nome aqui

twenty − eight =