Machine Marketing: o novo campo de batalha entre marcas e algoritmos

Machine Marketing redefine o marketing digital ao integrar criatividade humana e inteligência artificial para aumentar conversões e visibilidade algorítmica.

Foto de Andrii Sedykh em Freepik

O Machine Marketing marca uma mudança estrutural na forma como as marcas conquistam atenção, relevância e confiança. Com a crescente mediação algorítmica da Internet, já não basta comunicar com pessoas, é necessário comunicar também com máquinas. O relatório Machine Marketing, da LLYC, sublinha que mais de 35% das pesquisas globais já são respondidas diretamente por sistemas de IA, sem que o utilizador visite um sítio Web. Neste cenário, os algoritmos tornam-se gatekeepers da reputação digital e decisores centrais no processo de compra.

A transformação é profunda: segundo o relatório, mais de 70% do esforço digital atual é invisível para as máquinas, o que significa que grande parte dos conteúdos, campanhas e investimentos das empresas não está a ser processada pelos modelos que determinam quem aparece, quem é citado e quem é recomendado. Esta invisibilidade algorítmica compromete a competitividade num mercado cada vez mais mediado por respostas automáticas.

Jesús Moradillo, Partner & Europe Marketing Solutions Strategy Head da LLYC, sintetiza a mudança ao afirmar que “o marketing já é dual por definição”. Para o responsável, as marcas precisam de “construir confiança tanto no plano humano ‑ emocionar, inspirar, conectar ‑ como no algorítmico ‑ aparecer, ser citadas, ser credíveis perante as IA”. O relatório demonstra que as empresas que aplicam o modelo alcançam até 20% mais conversões, reforçando a urgência de adaptação.

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O algoritmo como novo intermediário de confiança

A Internet do clique está a desaparecer. A relação entre marcas e consumidores passa agora por um intermediário adicional: a inteligência artificial. O relatório descreve a IA como um “novo interveniente no ecossistema de influência”, capaz de amplificar narrativas, priorizar fontes e definir padrões de autoridade.

Este fenómeno tem implicações diretas para o marketing digital. A era dos motores de busca tradicionais dá lugar a um ambiente dominado por answer engines, onde a resposta é entregue imediatamente, muitas vezes sem apresentar links. Por isso, a questão já não é apenas “como aparecemos no Google?”, mas “como somos interpretados pelo modelo que responde ao utilizador?”.

É neste ponto que o Machine Marketing se distingue: em vez de otimizar apenas para humanos, otimiza-se para humanos e algoritmos em simultâneo, reconhecendo que os dois têm critérios de leitura, hierarquização e confiança profundamente diferentes.

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As quatro alavancas estratégicas do Machine Marketing

O modelo proposto pela LLYC articula quatro linhas de atuação que constituem a base do marketing dual. A sua aplicação combinada permite minimizar invisibilidades algorítmicas e maximizar a probabilidade de as IA compreenderem, citarem e recomendarem as marcas.

AI Visibility Activation

É o ponto de partida: auditar a pegada algorítmica da marca para compreender como os modelos de IA a interpretam. Este diagnóstico permite identificar lacunas informativas, inconsistências e áreas em que a máquina não dispõe de dados suficientes para confiar na marca.

Website Visibility

A criação de conteúdos passa a ter um duplo destinatário. O relatório destaca a necessidade de produzir textos estruturados para leitura humana, mas também para interpretação algorítmica, assegurando clareza factual, consistência semântica e coerência entre fontes.

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Answer Engine Optimization (AEO)

Trata-se do posicionamento para se tornar “a resposta” que a IA devolve ao utilizador. Este campo emergente ‑ que ultrapassa o SEO tradicional ‑ exige precisão, autoridade e alinhamento com bases de conhecimento externas, para que os modelos direcionem para a marca quando respondem a perguntas relevantes.

Content MAGIA

O pilar criativo do modelo junta Machine + Human Guidance + IA Generativa + Alma artística. A LLYC descreve-o como uma abordagem que une a escala da IA generativa à direção humana, garantindo autenticidade, coerência e rigor em conteúdos produzidos com auxílio algorítmico.

Foto de Emreakkoyun em Freepik

Um novo território competitivo

O Machine Marketing representa mais do que um conjunto de boas práticas: é a formalização de um novo território competitivo. As máquinas passaram a ouvir, aprender e decidir, influenciando comportamentos de compra e moldando a perceção pública das marcas. O relatório conclui com uma mensagem clara: “a questão não é se devemos falar com as máquinas, mas o que estamos a dizer e como estamos a treiná-las”.

Num mercado onde a visibilidade algorítmica se tornou determinante, o desafio das marcas portuguesas e europeias será aprender a competir em dois planos simultâneos, o emocional e o algorítmico, sem sacrificar criatividade, ética ou autenticidade. O Machine Marketing surge, assim, como a arquitetura necessária para um futuro em que a reputação será, cada vez mais, uma conversa entre humanos e máquinas.

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