O subsídio de Natal continua a ser determinante no consumo desta quadra, com 85% dos portugueses a utilizá-lo nas compras. O orçamento médio sobe para 398 euros, sobretudo devido à inflação, segundo um estudo do IPAM.
O subsídio de Natal voltou a assumir um papel central no orçamento das famílias portuguesas nesta quadra festiva, num contexto marcado pela pressão inflacionista e por uma maior racionalização das despesas. De acordo com a 17.ª edição do estudo “Compras de Natal”, realizado pelo IPAM, 85% dos inquiridos recebe este rendimento adicional, mantendo-se um valor praticamente estável desde 2020.
O estudo revela que o valor médio previsto para as compras de Natal em 2025 se fixa nos 398 euros, o que representa um aumento de 1,55% face ao ano anterior. No entanto, tal como já observado em 2024, esta subida não reflete um maior poder de compra, mas sobretudo o impacto do aumento generalizado dos preços. A maioria dos consumidores identifica a inflação como o principal fator por detrás da evolução da despesa.

Apesar da manutenção das tradições, os portugueses continuam a ajustar comportamentos para controlar o orçamento. Quase metade dos inquiridos (49%) admite ter alterado hábitos de consumo, reduzindo despesas, antecipando compras para aproveitar promoções ou diminuindo o número de pessoas a quem oferece presentes. Entre quem prevê gastar menos, destacam-se cortes nas prendas para adultos e nas ornamentações de Natal.
As crianças mantêm-se, ainda assim, como prioridade absoluta. Entre as famílias com filhos, a totalidade dos inquiridos afirma comprar presentes para crianças, enquanto apenas 12% da amostra total refere que não oferecerá qualquer prenda, um valor significativamente inferior ao registado em 2024. Roupa, calçado, brinquedos e livros continuam a liderar as preferências, tanto para crianças como para adultos.
O comércio digital consolida igualmente o seu peso no consumo natalício. Cerca de 34% dos portugueses afirma que fará as compras exclusivamente online, uma subida face aos 27% registados no ano passado. Apesar desta tendência, os centros comerciais mantêm relevância, sendo a principal opção para 18% dos consumidores, enquanto o comércio de rua continua a perder expressão.

Quanto ao momento de compra, a maioria concentra as aquisições em dezembro, embora uma fatia significativa opte por antecipar as compras, sobretudo para beneficiar de preços mais baixos e garantir prazos de entrega no canal digital.
Segundo Mafalda Ferreira, docente e coordenadora da licenciatura em Gestão de Marketing no IPAM Porto e responsável pelo estudo, “o consumidor português preserva as tradições do Natal, mas fá-lo com maior sentido de prioridade e com uma atenção constante ao impacto da inflação”. A responsável sublinha que “o ligeiro aumento do valor médio gasto não traduz maior poder de compra, mas a necessidade de manter rotinas familiares numa conjuntura desafiante”.







