Num momento em que os custos disparam e a incerteza domina os mercados, o setor agroalimentar enfrenta uma travessia exigente. A quebra de 10% no número de trabalhadores nas atividades agrícolas e de produção animal em 2024, aliada a uma descida de 11% na criação de novas empresas do retalho alimentar, ilustra bem o impacto da atual volatilidade geopolítica. Como sublinha João Pontes, senior partner da ERA Group, “a Europa tem sido forçada a direcionar o foco para uma produção e um abastecimento mais locais”, mas essa transição só será bem-sucedida se for acompanhada por uma estratégia de inovação e diversificação.
A ERA Group, consultora especializada na otimização de processos e custos, identifica três estratégias para o setor agroalimentar reforçar a sua resiliência e melhorar o desempenho competitivo.
1. Reforçar cadeias de abastecimento locais
Os bloqueios logísticos e as restrições comerciais tornam urgente a diversificação da base de fornecedores. Apostar em cadeias mais locais permite maior previsibilidade operacional e capacidade de resposta a disrupções. Além disso, essa escolha está alinhada com as exigências internacionais de sustentabilidade e segurança alimentar.

2. Apostar na eficiência energética e circularidade
A escalada dos preços da energia e a escassez de matérias-primas exigem ação estratégica. Auditorias energéticas, tecnologias de monitorização e valorização de subprodutos podem reduzir desperdício, melhorar a produtividade e reforçar a rentabilidade. A transição para processos mais eficientes é, hoje, uma vantagem competitiva incontornável.
3. Adotar uma gestão financeira proativa
Com margens cada vez mais pressionadas, a capacidade de antecipar cenários e reagir com agilidade torna-se essencial. A ERA recomenda a criação de modelos financeiros flexíveis, planos de contingência e sistemas previsionais que permitam às empresas ajustar recursos e definir prioridades com base em dados reais.

A resiliência do setor agroalimentar passa por investir em soluções locais, eficientes e financeiramente sólidas. Como conclui João Pontes, esta transformação “exige visão estratégica, mas também ação coordenada”. O futuro da alimentação na Europa joga-se, cada vez mais, na capacidade de adaptação do presente.