“A volatilidade pode ser uma fonte de crescimento”

Estudo da BCG revela 3 biliões de dólares em “dark value” e defende que os CEOs devem transformar a volatilidade em fonte de crescimento.

Na foto: Pedro Pereira, Managing Director e Senior Partner da BCG em Lisboa.

Um estudo da Boston Consulting Group revela que os CEOs estão a ignorar uma oportunidade global de 3 biliões de dólares em valor oculto (“dark value”), criada pelas lacunas e flutuações dos mercados.

Complexidade e volatilidade: as novas fronteiras da rentabilidade

Num contexto de incerteza económica e transformação acelerada, as empresas continuam a encarar a volatilidade como um risco a evitar — quando, na verdade, ela pode ser uma alavanca de crescimento. Essa é a principal conclusão do estudo The Hidden $3 Trillion Profit Opportunity for CEOs, da Boston Consulting Group (BCG), que identifica um potencial inexplorado equivalente a 2% a 3% do PIB mundial.

O relatório introduz o conceito de dark value — valor “oculto” que surge quando as empresas não conseguem reagir a tempo às variações súbitas da oferta e procura, perdendo oportunidades de lucro. Tal como a matéria escura na física, o seu impacto é observável, mas difícil de medir. Atualmente, apenas traders e hedge funds capturam cerca de 1,2 biliões de dólares deste potencial. A fatia mais relevante, cerca de 1,8 biliões, permanece por explorar em setores industriais e de serviços.

“As empresas continuam a encarar a volatilidade como uma ameaça. A realidade é que ela pode ser convertida numa fonte de crescimento. Aquelas que se prepararem primeiro, com sistemas ágeis, talento diferenciado e processos de risco robustos, terão acesso à maior fatia desta oportunidade”, afirma Pedro Pereira, Managing Director & Senior Partner da BCG em Portugal.

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De risco a vantagem competitiva

Segundo a BCG, os CEOs devem começar a agir como gestores de hedge funds, combinando agilidade de decisão, talento especializado e investimento em dados em tempo real. Esta abordagem pode representar ganhos adicionais de 1% a 3% no EBITDA, o que, em setores de margens reduzidas, pode fazer a diferença entre liderar ou ficar para trás.

O estudo aponta dois fatores que alimentam o dark value: a complexidade — derivada das cadeias de abastecimento globais, diversidade de qualidade dos produtos e sazonalidade — e a fragilidade, resultante da sucessão de choques externos como guerras, crises energéticas e alterações climáticas. Quando estas forças se cruzam, abrem-se janelas de oportunidade para quem tiver capacidade de resposta.

Um exemplo claro surge no mercado europeu de eletricidade: em plena crise energética, os lucros de trading atingiram €41 mil milhões em 2022 e €16 mil milhões em 2023, provando que a capacidade de reação é determinante para transformar a incerteza em vantagem.

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O novo papel dos CEOs

A BCG conclui que o próximo salto de desempenho virá não da fuga à volatilidade, mas da sua integração estratégica. Para capturar esse potencial, os CEOs devem reforçar as suas equipas de risco e trading, investir em tecnologia e promover uma cultura disciplinada de assunção de risco.

Num mundo onde a incerteza se tornou regra, a capacidade de transformar volatilidade em valor será o verdadeiro diferencial competitivo.

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