Portugal está a assistir a um aumento histórico de crianças com necessidades especiais, com reflexos diretos na procura por atividades de tempos livres (ATL) inclusivos. Segundo a SalusLive, centro clínico de referência nacional na intervenção pediátrica, o número de crianças com necessidades específicas cresceu 40% nos últimos dois anos e poderá aumentar 70% até 2028.
A procura é visível na própria experiência da instituição: metade das crianças inscritas nos seus ATL apresentam necessidades especiais, revelando a urgência de soluções que combinem lazer, aprendizagem e acompanhamento técnico especializado.
O ATL da SalusLive funciona desde 2015 com supervisão terapêutica contínua e um rácio médio de um profissional para cada duas a três crianças. O modelo é apontado como replicável noutras regiões do país, reforçando o potencial de impacto positivo junto das comunidades.
“São conquistas que mudam rotinas familiares e reforçam a importância de ambientes integradores”, afirma Raquel Cunha, diretora técnica da SalusLive, destacando casos como o de duas crianças de 6 anos – uma delas com deficiência motora grave – que criaram amizade imediata, ou o de um menino que ganhou autonomia para se alimentar sozinho durante o programa.
Apesar destes exemplos positivos, a responsável alerta que Portugal não está a dar respostas adequadas às famílias: “A oferta de ATL inclusivos continua limitada, sobretudo fora dos grandes centros urbanos. É urgente mais investimento em projetos que integrem crianças com e sem necessidades especiais, garantindo apoio técnico e oportunidades de socialização.”