Estudo da Investors Portugal e da Nova SBE revela que 100 milhões de euros investidos em capital de risco aumentam o PIB em 1% e as exportações em 1,3 pontos percentuais num horizonte de dez anos.
O novo estudo “Capital de risco e o SIFIDE em Portugal – Avaliação do Impacto Económico”, apresentado pela Investors Portugal em parceria com a Nova School of Business & Economics (Nova SBE), demonstra que o investimento em capital de risco gera um impacto económico líquido positivo e duradouro.
Segundo o relatório, 100 milhões de euros investidos em capital de risco resultam, ao fim de uma década, num aumento de 1,01% do PIB e de 1,33 pontos percentuais nas exportações. Estes fundos mais do que duplicam o emprego e o volume de negócios das empresas apoiadas, e triplicam a sua rentabilidade, confirmando o capital de risco como uma alavanca de crescimento e inovação.
“Este é o primeiro estudo independente que demonstra de forma clara a criticidade do capital de risco em Portugal. O investimento neste setor promove crescimento, criação de emprego, salários mais altos e sustentabilidade económica a longo prazo”, afirma Lurdes Gramaxo, presidente da Investors Portugal.
SIFIDE: o elo fiscal que multiplica o investimento
Os resultados mostram que o SIFIDE — sistema de incentivos fiscais à I&D empresarial — é determinante para canalizar capital privado para a economia real. Entre 2006 e 2024, o mecanismo permitiu financiar centenas de empresas inovadoras, ampliando o investimento em ativos tangíveis e intangíveis.
Nas empresas apoiadas por fundos SIFIDE, o emprego cresce entre 50% e 60%, o investimento em capital tangível sobe 60% e o investimento em ativos intangíveis mais do que duplica. Os lucros e o volume de negócios aumentam mais do dobro.
A análise macroeconómica mostra ainda que o balanço fiscal torna-se positivo logo no primeiro ano: as receitas adicionais de IVA, IRC, IRS e contribuições sociais superam o custo do incentivo, gerando retornos sustentáveis para o Estado.
“O capital de risco tem um impacto estrutural na economia portuguesa: as empresas investidas contratam mais, pagam melhores salários e tornam-se mais produtivas. O SIFIDE atrai investidores e financia inovação com retornos fiscais que superam largamente o custo do incentivo”, sublinha João Duarte, autor do estudo e professor associado da Nova SBE.
Inovação, produtividade e convergência europeia
O estudo mostra que, apesar do avanço do ecossistema português, o volume de investimento em capital de risco continua abaixo da média europeia. No entanto, os efeitos positivos são evidentes: as empresas financiadas por capital de risco aumentam o investimento em I&D, geram mais patentes e promovem spillovers tecnológicos em setores adjacentes.
A Nova SBE destaca que o capital de risco funciona como catalisador de inovação e competitividade, acelerando a convergência de Portugal com as economias mais produtivas da Europa. A consolidação e a previsibilidade dos incentivos fiscais são apontadas como essenciais para manter esta trajetória.