Os diretores financeiros das empresas em Portugal revelam um aumento do pessimismo face às perspetivas financeiras, segundo o CFO Survey da Deloitte relativo à primavera de 2025. O estudo mostra que 44% dos CFOs nacionais estão menos otimistas, quase o dobro dos 23% registados no outono passado, colocando Portugal com um saldo líquido de -21, mais do dobro da média europeia (-10).
Apesar desta visão mais cautelosa, as expectativas de crescimento mantêm-se acima da média europeia: o saldo líquido para as receitas é de +42 pontos percentuais, contra +29 na Europa. As margens operacionais seguem a mesma tendência, refletindo uma maior resiliência do tecido empresarial português.
Para Nelson Fontainhas, Partner da Deloitte, “a prioridade na transformação digital, aliada a estratégias defensivas como a redução de custos, mostra um equilíbrio essencial para enfrentar riscos internacionais e preparar o crescimento futuro”.
A digitalização mantém-se como principal prioridade estratégica em Portugal desde 2020, superando agora o crescimento orgânico e colocando a redução de custos como segunda prioridade. No entanto, áreas como sustentabilidade e temas ESG registam adiamentos ou cortes de investimento em 18% das empresas portuguesas, um valor próximo da média europeia.
Por setores, os CFOs de Serviços Empresariais e Profissionais mostram maior confiança, seguidos pela Construção. O setor Automóvel e o de Produtos e Serviços Industriais melhoraram face ao inquérito anterior, enquanto Serviços Financeiros, Tecnologia, Média e Telecomunicações, Transportes & Logística e Turismo & Viagens registaram quebras significativas de otimismo.
A contratação também apresenta sinais de abrandamento: o saldo líquido caiu de +16 para +1 em Portugal, acompanhando a retração europeia. Entre os riscos, a instabilidade geopolítica lidera as preocupações, com impactos identificados por 63% nas cadeias de abastecimento e 61% nas vendas. Portugal é o segundo país da Europa com maior nível de incerteza (79%) e o que revela menor apetência para assumir riscos, com 91% dos CFOs a considerar que este não é o momento para decisões de maior risco.