Portugal continua a destacar-se pela baixa acessibilidade à habitação, segundo o relatório da BestBrokers que analisou taxas reais de juro, preços médios de habitação e salários em 67 países. Os dados revelam que, para comprar um apartamento de 100 m² no país, seriam necessários em média 21,08 anos de salários completos – o equivalente a cerca de 253 meses de rendimento.
Com um salário médio mensal de 1 200 euros líquidos (14 400 euros anuais) e um preço médio de 3 506 euros/m², o custo de um apartamento padrão ascende a 350 664 euros. Esta discrepância significa que apenas 4,7% do preço da habitação pode ser coberto anualmente pelo rendimento médio dos portugueses, muito abaixo da média europeia.
A taxa de juro média dos empréstimos à habitação em Portugal é atualmente de 4,79%, mas o valor real, já descontando a inflação (2,4% em junho de 2025), situa-se em 2,39%, o que não é suficiente para compensar o desfasamento estrutural entre salários e preços.

O relatório sublinha que, enquanto países como a Finlândia, Dinamarca e Irlanda apresentam rácios de acessibilidade mais equilibrados, Portugal permanece na metade inferior da tabela, lado a lado com várias economias da Europa de Leste.
“A Europa deixou de ter apenas uma clivagem entre Norte rico e Sul pobre. Hoje, a linha divisória passa pela falta de oferta habitacional e pela procura especulativa de investimento”, comenta Paul Hoffman, analista da BestBrokers.
A nível europeu, a Finlândia destaca-se como o país mais acessível, exigindo menos de dez anos de rendimentos para adquirir uma habitação de 100 m². No extremo oposto, países como a Ucrânia e a Albânia ultrapassam as três décadas de salários para alcançar o mesmo objetivo.