A aplicação CounterPharma foi criada para apoiar exclusivamente profissionais de farmácia, reunindo ferramentas práticas e informação de referência que agilizam o atendimento e reforçam a autonomia das equipas. Margarida Lopes Godinho, responsável pelo projeto, explica a origem da plataforma, os desafios do setor e a sua experiência no movimento júnior que a inspirou a empreender.
Uma ferramenta para responder às necessidades do balcão
A ideia do projeto partiu da constatação de que o dia-a-dia nas farmácias exige rapidez e rigor no acesso à informação. “A CounterPharma é uma plataforma que reúne todas as ferramentas necessárias para agilizar o atendimento farmacêutico. Oferece informação oficial, prática e centralizada, pronta a consultar para esclarecer o utente e realizar um aconselhamento de excelência.”
Entre as funcionalidades já disponíveis, a aplicação inclui uma calculadora de doses pediátricas, consulta de planos de vacinação e uma base de dados de cosméticos com CNPs, permitindo comparar produtos e analisar componentes ativos. O objetivo é diferenciar-se das restantes plataformas pela centralização da informação e pelo impacto direto no desempenho das equipas. “No fundo, é como se cada profissional de farmácia dominasse todos os produtos, mesmo os que não tem em stock, de um momento para o outro.”
Lacunas do setor que motivaram a criação
Para Margarida Godinho, a criação da CounterPharma resultou de três problemas sentidos no setor. Primeiro, a crise de farmacêuticos, que levou a equipas compostas por técnicos e auxiliares com menos formação de base. Segundo, a saturação da formação contínua, tanto pela sobrecarga digital como pelas dificuldades logísticas em momentos presenciais. E terceiro, a velocidade das novidades no mercado, que tornam difícil manter todas as equipas atualizadas.
“Há um grande interesse em formar, mas pouco interesse — ou impossibilidade — em ser formado. Isso dificulta o domínio de todos os detalhes de cada produto nas mais diversas áreas de aconselhamento.”
Fiabilidade e atualização da informação
Um dos pilares da aplicação é a confiança dos utilizadores. Por isso, toda a informação é recolhida de fontes oficiais. “A informação é retirada de folhetos informativos, páginas administradas pelo Ministério da Saúde ou das próprias marcas, garantindo assim máxima qualidade e conformidade.”
Após a recolha, o conteúdo é revisto por uma equipa de farmacêuticos e pelas próprias marcas, assegurando o máximo cuidado na comunicação científica. Essa revisão constante permite manter a aplicação atualizada e em linha com as necessidades do setor.
Do movimento júnior ao empreendedorismo
A escolha pelo caminho do empreendedorismo foi fortemente influenciada pela experiência de Margarida no Movimento Júnior e na LisbonPH. “A intensidade com que vivi a minha passagem de três anos pelo Movimento Júnior fez-me largar o mundo corporativo e atrever-me no empreendedorismo. Saber que, por mais novos e ‘verdes’ que sejamos, nada pára a nossa motivação de querer fazer acontecer.”
Este ambiente de experimentação, acrescenta, permitiu-lhe explorar ideias, conhecer pessoas e testar estratégias que dificilmente teria encontrado apenas no percurso académico tradicional.
Projetos que moldam a carreira
Entre os desafios que marcaram a sua experiência, destaca o papel de Project Manager no JEWC’20 – Junior Enterprises World Conference. Apesar de o evento não se ter realizado devido à pandemia, considera-o um marco fundamental. “Foi o projeto que mais me ensinou enquanto profissional, pela complexidade e pelo contacto com empresários juniores de diferentes áreas. O facto de termos trabalhado meses e não termos chegado a colher os frutos obrigou a uma gestão emocional muito forte.”
Essa aprendizagem reforçou a importância da resiliência e da adaptação, características que hoje transporta para o desenvolvimento da CounterPharma.