Cowork em Portugal: Espaços flexíveis para um trabalho em transformação

Representantes do LACS e do SITIO explicam como estão a responder às novas exigências das empresas e profissionais

Foto de Pressmaster em Freepik

O cowork deixou de ser uma solução temporária para se afirmar como uma escolha estratégica de longo prazo para empresas de todas as dimensões — desde startups a multinacionais. A crescente valorização da flexibilidade, a necessidade de atrair talento e a procura por ambientes mais colaborativos estão a redefinir o papel dos espaços de trabalho em Portugal.

Neste contexto, a propósito do Dia Internacional do Cowork, que se assinala a 9 de agosto, o Empreendedor conversou com Martim de Botton (CEO do LACS) e Miguel Ricardo (General Manager do SITIO), dois protagonistas desta mudança. Ao longo da entrevista, explicam como têm evoluído de simples operadores de escritórios partilhados para verdadeiros facilitadores de bem-estar, inovação e comunidade — e como estão a responder aos desafios impostos por uma nova geração de profissionais.

“A palavra-chave é flexibilidade. É isso que diferencia os nossos espaços e é isso que as empresas procuram cada vez mais.”

Martim de Botton, CEO do LACS
Foto de LACS dos Anjos, Lisboa

Do espaço temporário à escolha estratégica

Para Martim de Botton, o cowork deixou de ser visto como uma solução provisória e tornou-se uma verdadeira alternativa ao escritório tradicional. “Hoje em dia já concorremos diretamente com o modelo clássico. Há multinacionais que nos procuram de forma direta, não para uma fase de transição, mas como uma escolha estrutural”, afirma.

Miguel Ricardo concorda e sublinha que a velocidade de mudança dos negócios exige uma resposta mais ágil. “Hoje, as empresas evitam compromissos longos com imóveis. Procuram flexibilidade, conforto e serviços integrados. Querem focar-se no que fazem melhor, e nós tratamos do resto”, explica.

Na foto: Miguel Ricardo, General Manager do SITIO

Comunidade, bem-estar e inovação

A dimensão comunitária tornou-se central nestes espaços. Para Miguel, “a nossa função é criar ambientes confortáveis, com bom design, luz, temperatura e acústica adequadas, e que fomentem a integração dos colaboradores.” No SITIO, essa aposta concretiza-se também através da especialização: “Temos espaços verticais dedicados a áreas como Fintech, Web3 ou Inteligência Artificial, com eventos e programas focados nessas comunidades.”

Já o LACS segue uma lógica de curadoria. “Não nos especializamos por setor. Privilegiamos a diversidade e as sinergias entre empresas de áreas diferentes. Queremos que um cliente de fintech possa encontrar ao lado quem organiza eventos — e colaborem”, explica Martim.

Na foto: Martim de Botton, CEO do LACS

A nova geração de profissionais

Ambos os responsáveis reconhecem o desafio de atrair a geração Z ao escritório. O trabalho híbrido generalizou-se e muitos profissionais, quando podem escolher, preferem o home office. “Desde 2021, este tem sido o principal desafio dos espaços de cowork e também das empresas. É preciso criar razões para os colaboradores quererem sair de casa”, diz Martim. Isso passa por criar eventos, workshops, happy hours e um ambiente multicultural que estimule o contacto entre diferentes pessoas e empresas.

Miguel acrescenta que a mudança não é apenas geracional. “Mudámos todos com a pandemia. E hoje, para atrair e reter talento, as empresas precisam de criar laços. Não basta uma reunião online. É preciso conviver, criar relações. E é aí que entramos, ao facilitar esse reencontro com o espaço de trabalho.”

“Hoje, não basta ter uma boa ligação à internet e uma secretária. É preciso criar relações e consolidar equipas — e isso acontece presencialmente.”

Miguel Ricardo, General Manager do SITIO
Foto de AI Hub, Lisboa do Sítio

Redes nacionais e mobilidade

Tanto o SITIO como o LACS têm vindo a expandir as suas redes. O SITIO conta com 12 espaços em 5 cidades. “Os nossos membros podem usar qualquer um dos espaços, o que permite uma mobilidade nacional real, e até a descentralização de equipas”, afirma Miguel. O LACS tem presença em Lisboa, Porto e Cascais, e também oferece essa flexibilidade: “É frequente termos clientes que trabalham em Lisboa e, numa reunião no Porto, usam o nosso espaço lá.”

Na foto: Momento de convívio no LACS dos Santos, Lisboa

E os nómadas digitais?

Embora muito associados ao coworking, os nómadas digitais representam hoje uma minoria. “Mais de 90% do nosso negócio são escritórios privados. O cowork já ultrapassou a fase dos freelancers nómadas e é agora uma opção para empresas de todas as dimensões”, explica Martim. Miguel concorda: “Hoje, são sobretudo empresas que procuram este tipo de ambiente, pelas vantagens que oferece em termos de talento e produtividade.”

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor escreva o seu comentário!
Por favor coloque o seu nome aqui

four × 1 =