A Critical Software tem uma longa trajetória tanto na área da Defesa como na do Espaço. Para Diogo Amorim, diretor de desenvolvimento de negócio na área espacial, a interligação entre estes dois domínios é inevitável e está já em curso. “A defesa está a caminhar na direção do espaço e o espaço na direção da defesa. Vai haver uma sobreposição? Já há uma sobreposição.”
A empresa portuguesa, com presença em mercados como Reino Unido, Alemanha e Estados Unidos, tem vindo a reforçar a sua posição neste novo cruzamento de tecnologias e necessidades. “Temos o know-how em casa, por isso estamos a ajudar empresas como a SAAB, que são especialistas em Defesa”, afirma.
Talento, tecnologia e soluções prontas
O contributo da Critical Software para este setor não se limita à consultoria ou integração de sistemas. “Temos, por exemplo, um sistema operativo para satélites praticamente pronto a usar. Uma empresa de defesa pode focar-se apenas na sua carga útil — como câmaras ou radares — porque nós tratamos do sistema base.”
Além da tecnologia, o capital humano é uma das grandes apostas. “Temos engenheiros que escrevem requisitos, implementam, testam e validam software. Embora os satélites tenham estrutura física, grande parte da sua funcionalidade é baseada em software — e é aí que fazemos a diferença.”
O papel das universidades e a retenção de talento
A proximidade à Universidade de Coimbra e ao Instituto Superior Técnico tem sido fundamental para captar talento qualificado. “Vemos o talento nas faculdades e tentamos nutrir esse talento. Há cursos de Aeroespacial no Técnico, no Porto e na UBI. Estamos a formar pessoas para estas áreas e queremos mantê-las em Portugal.”
A retenção de talento é, contudo, um dos grandes desafios. Apesar do reconhecimento internacional da qualidade dos profissionais portugueses, muitos acabam por emigrar. “Pagamos melhor do que em Itália, mas ainda abaixo da Alemanha. À medida que crescemos e o nosso nome é reconhecido, conseguimos oferecer melhores condições para os manter cá.”
Crescimento civil e defesa: dois caminhos complementares
Com o aumento dos investimentos europeus em Defesa, o setor espacial ganha uma nova dimensão. “O negócio civil do espaço vai continuar a crescer. O que estamos a fazer agora é acrescentar valor à vertente da Defesa. Não estamos a substituir um pelo outro, mas a expandir.”
A Critical Software está preparada para acompanhar este crescimento com uma equipa de 100 pessoas dedicadas ao setor espacial e outras 100 à defesa, num universo total de 1500 colaboradores. A empresa foi fundada com base na colaboração com a NASA e o Jet Propulsion Laboratory, e esse legado continua a marcar o seu percurso. “Temos conhecimento em casa para fazer a arquitetura e o design dos sistemas. E temos a experiência acumulada de anos de trabalho com tecnologias como a injeção de falhas.”
Uma estratégia de futuro com raízes em Portugal
Diogo Amorim falou com o Empreendedor no decorrer do Space Defence Tech Meet Up, um evento organizado pela Critical Software em parceria com a SAAB e o Instituto Superior Técnico. A escolha do local e dos parceiros não é casual: reflete a ambição de Portugal se afirmar como um polo de inovação nesta convergência entre defesa e espaço.
“O nosso escritório principal é em Coimbra, mas estamos presentes também em Lisboa, Porto, Boston, Alemanha e Reino Unido. Não nos fixamos numa geografia — fixamo-nos na capacidade de responder às necessidades do futuro.”
