As previsões tecnológicas para 2026 divulgadas por Werner Vogels, CTO da Amazon, traçam uma leitura clara da próxima vaga de inovação global. Segundo o responsável, a combinação entre Inteligência Artificial, segurança pós-quântica e novas aplicações dual-use vai redefinir indústrias e impactar profundamente a vida quotidiana.
No artigo publicado no seu blogue All Things Distributed, Werner Vogels sublinha que o isolamento social se tornou um desafio estrutural à escala mundial. De acordo com o comunicado distribuído em Lisboa, a crise afeta “uma em cada seis pessoas no mundo”, criando condições para que a tecnologia venha a desempenhar um papel ativo no combate à solidão.
Segundo o CTO da Amazon, a próxima geração de robôs-companheiros com IA não pretende substituir relações humanas, mas funcionar como extensão das equipas de cuidados. A promessa é complementar cuidadores formais e informais, oferecendo apoio emocional, monitorização contínua e interação adaptativa — um avanço que junta engenharia, computação afectiva e saúde digital.

O programador do renascimento e a reinvenção da criatividade técnica
Outra das previsões tecnológicas para 2026 destacadas por Vogels refere-se ao papel dos programadores. “A IA generativa não vai tornar os programadores obsoletos”, explica no comunicado. Pelo contrário, será o motor de uma nova identidade profissional: o “developer do renascimento”.
Vogels sustenta que, com ferramentas generativas avançadas, os programadores vão conseguir combinar competências técnicas, curiosidade, pensamento sistémico e criatividade. A escrita de código transformar-se-á num processo de co-criação com sistemas inteligentes, ampliando a capacidade de inovação das equipas e acelerando o ciclo de desenvolvimento de software.

A urgência da segurança pós-quântica
O comunicado destaca igualmente que a criptografia atual não será suficiente para enfrentar os riscos associados a computadores quânticos avançados. A transformação é urgente: “criminosos já estão a guardar informações corporativas sensíveis hoje, para as conseguir decifrar com os computadores quânticos de amanhã”, alerta Vogels.
O CTO defende a adoção imediata de criptografia pós-quântica, capaz de resistir a ataques de máquinas com poder computacional massivo. Esta transição implica reavaliar infraestruturas críticas, atualizar protocolos de comunicação e preparar organizações para um futuro onde a fronteira entre segurança ofensiva e defensiva será cada vez mais ténue.

Tecnologia de defesa aplicada ao impacto civil
No seu texto no All Things Distributed, Vogels argumenta que as inovações de defesa — desde sistemas autónomos a plataformas de apoio tático com IA — terão impacto significativo fora do contexto militar. A “tecnologia de defesa vai mudar o mundo”, afirma.
Segundo o press release da empresa, estas soluções serão rapidamente adaptadas ao contexto civil: resposta a catástrofes naturais, proteção de zonas remotas, apoio em emergências médicas e reforço de infraestruturas críticas. É um movimento que aproxima setores tradicionalmente separados e cria aplicações dual-use orientadas para resiliência e segurança humana.

Aprendizagem personalizada e curiosidade sem limites
A última das previsões tecnológicas para 2026 centra-se na educação. Vogels defende que as ferramentas de IA educativa vão libertar os professores de tarefas administrativas, permitindo que se concentrem numa pedagogia mais criativa, humana e personalizada.
A aprendizagem adaptativa — ajustada ao ritmo, nível e curiosidade de cada estudante — deverá tornar-se a norma. As plataformas inteligentes permitirão identificar lacunas, sugerir itinerários de estudo e promover experiências de ensino profundamente individualizadas.

Um futuro orientado para impacto humano
A análise publicada no All Things Distributed revela uma visão consistente: a próxima vaga tecnológica não será guiada apenas por avanços técnicos, mas pelo seu impacto direto na vida das pessoas. De ferramentas para combater a solidão a modelos de segurança pós-quântica e educação personalizada, Vogels descreve um futuro em que tecnologia e humanidade se articulam para criar soluções de larga escala.







