Ecossistemas de Startups: Crescimento Global e Especialização Estratégica

O Global Startup Ecosystem Index 2025 destaca tendências globais como a ascensão asiática, a especialização setorial e o abrandamento do crescimento nos Estados Unidos.

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O relatório da StartupBlink referente a 2025 traça um retrato dinâmico, mas assimétrico, da evolução dos ecossistemas de startups em todo o mundo. A inteligência artificial e a fragmentação geopolítica são identificadas como dois dos principais motores de transformação do ambiente tecnológico global, influenciando desde os setores de atividade até às geografias preferidas pelos empreendedores.

Crescimento Global Moderado e Liderança Estável

O índice revela que, globalmente, os ecossistemas de startups cresceram em média 21% face a 2024, sendo a região da Ásia-Pacífico a que mais cresceu (+27,4%), seguida da Europa (+26,2%) e do Médio Oriente & África (+24,9%). Em contrapartida, a América do Norte registou o crescimento mais lento (+15,7%), refletindo uma desaceleração notória nos EUA.

Os Estados Unidos mantêm-se como o principal ecossistema mundial, com uma pontuação total quase quatro vezes superior à do Reino Unido (2.º lugar). Contudo, o crescimento norte-americano foi o mais baixo entre os 50 países mais bem classificados (+18,2%), acompanhado por uma descida generalizada das suas cidades no ranking global — um sinal de possível saturação e perda de dinamismo.

A bolha das startups e o risco de investir
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Emergência de Novos Centros Regionais

O relatório evidencia o crescimento expressivo de países como Singapura (+44,9%), China (+45,9%), Arábia Saudita (+236,8%) e Uzbequistão (+89,9%). Estes resultados não apenas refletem estratégias de investimento público bem-sucedidas, como também mostram um realinhamento geográfico da inovação tecnológica.

No plano das cidades, destaca-se a ascensão de centros como Guangzhou (+55%), Riyadh (+134,1%), Sydney (+42,7%) e Barcelona (+40,4%). Estas subidas estão frequentemente ligadas a políticas públicas de apoio à inovação, à presença de clusters industriais estratégicos e a melhorias no ambiente de negócios.

Setores em Destaque: Energia, Alimentação e Dispositivos Inteligentes

Entre os 11 setores analisados, três registaram crescimento superior a 40% no número de startups:

  • Energy & Environment, impulsionado pela transição energética e novos modelos de produção descentralizada.
  • Foodtech, com soluções centradas em segurança alimentar, produção sustentável e substitutos proteicos.
  • Hardware & IoT, muito ligado à nova vaga de dispositivos autónomos e conectividade de última geração.

Em contraste, o EdTech foi o único setor a encolher (-2,3%), sinalizando uma retração do mercado após o forte crescimento registado nos anos da pandemia.

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Especialização como Vantagem Estratégica

O relatório enfatiza que os ecossistemas mais bem-sucedidos tendem a desenvolver especializações claras. Por exemplo:

  • São Francisco continua a liderar em Software & Data;
  • Boston destaca-se em Healthtech;
  • Paris emerge como um polo relevante em Inteligência Artificial e Moda Tecnológica;
  • Tel Aviv permanece forte em Cibersegurança.

A especialização permite atrair talento, capital e parceiros estratégicos de forma mais eficaz, oferecendo vantagens competitivas claras face a ecossistemas generalistas.

O Global Startup Ecosystem Index 2025 mostra um cenário em mutação, marcado pela consolidação das grandes potências, mas também pela afirmação de novos protagonistas. A próxima década será, muito provavelmente, definida não só pela capacidade de inovar, mas pela habilidade de estruturar ecossistemas robustos, especializados e resilientes às mudanças políticas e tecnológicas.

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