Engana-se quem pensa que a aprovação de um crédito habitação depende apenas do rendimento e da taxa de esforço. O extrato bancário, exigido pelas instituições financeiras, tem hoje um peso decisivo na avaliação do perfil de risco dos clientes, podendo levar à recusa do empréstimo mesmo quando os rendimentos são considerados suficientes.
Através do extrato bancário, os bancos analisam hábitos de consumo, regularidade de pagamentos e sinais de instabilidade financeira. Entre os movimentos que podem levantar dúvidas estão transferências frequentes para terceiros sem justificação, pagamentos em sites de jogos e apostas, registos recorrentes de saldo negativo ou comissões por atrasos em créditos. Também o consumismo excessivo com despesas não essenciais pode ser interpretado como falta de controlo orçamental.
“Estes detalhes, que à primeira vista parecem irrelevantes, condicionam a perceção do banco sobre o cliente. Um extrato que revele comportamentos de risco pode ser suficiente para travar a aprovação do crédito”, afirma Rita Quaresma, Analista de Crédito e responsável pelo projeto CréditoConsolidado.pt.
Segundo a especialista, muitos pedidos são recusados por comportamentos que poderiam ter sido corrigidos com antecedência. A recomendação passa por preparar o processo com tempo, adotar hábitos financeiros saudáveis e procurar aconselhamento especializado antes de avançar com o pedido.
Num contexto em que os critérios de concessão de crédito estão mais exigentes, o extrato bancário tornou-se num verdadeiro espelho da saúde financeira do cliente — e um fator que pode fazer toda a diferença na hora de comprar casa.