Gastos globais com luxo mantêm estabilidade em 2025

Mercado global de luxo mantém-se estável em 2025, com gastos de 1,44 biliões de euros e crescimento impulsionado por experiências.

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O mercado global de luxo estabiliza em 2025 nos 1,44 biliões de euros, segundo o estudo Bain-Altagamma, que destaca o peso crescente das experiências face aos bens tradicionais.

Os mercados globais de luxo mantiveram-se estáveis em 2025, com os gastos dos consumidores a atingirem os 1,44 biliões de euros, um valor semelhante ao registado no ano anterior. As conclusões integram o Luxury Goods Worldwide Market Study, realizado anualmente pela Bain & Company e pela Altagamma, que identifica uma indústria resiliente apesar das incertezas macroeconómicas e geopolíticas.

O relatório aponta para uma mudança estrutural nas preferências dos consumidores, marcada pela ascensão das experiências de luxo — nomeadamente hotelaria, cruzeiros e gastronomia de alta qualidade — em detrimento dos bens tradicionais. Esta “mudança tectónica”, como a Bain a descreve, está a remodelar o setor e a impulsionar novas dinâmicas de crescimento. Em contraste, o mercado de bens pessoais de luxo deverá permanecer estável, totalizando 358 mil milhões de euros em 2025, refletindo a maturidade de um segmento que recuperou rapidamente no pós-pandemia.

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Segundo Cira Cuberes, sócia da Bain & Company, “as experiências e as emoções tornaram-se o verdadeiro motor de crescimento do luxo”. A responsável defende que o setor entra num ciclo em que a qualidade, a disciplina e a inovação serão determinantes, com menos localizações, mas com maior impacto e maior valorização da experiência oferecida ao consumidor.

O estudo evidencia desempenhos distintos entre categorias. O setor automóvel de luxo enfrenta uma quebra generalizada, com exceção dos modelos desportivos de gama mais elevada. Iates e jatos continuam a crescer, enquanto belas-artes e mobiliário de design estabilizam. Os vinhos e espirituosos apresentam resultados mistos, destacando-se os espumantes premium e alguns tintos europeus. A gastronomia de luxo regista forte expansão na Ásia, no Médio Oriente e em destinos turísticos, estimulada por viajantes mais jovens.

No mercado de bens pessoais de luxo, a joalharia lidera o crescimento, com um aumento previsto entre 4% e 6%, impulsionado pela procura emocional e pela personalização. Os óculos mantêm desempenho sólido, com crescimento entre 2% e 4%, enquanto a beleza permanece estável, com as fragrâncias a destacarem-se graças à personalização assistida por IA. O segmento dos relógios apresenta polarização, com peças de alta gama em crescimento e o mercado de revenda pressionado por tarifas e custos. A marroquinaria evidencia sinais de abrandamento, sem novos produtos-âncora capazes de dinamizar o setor, enquanto o calçado é afetado pela sensibilidade ao preço e pela concorrência do sportswear.

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No retalho físico, os outlets mostram maior capacidade de atração, refletindo a procura por valor num contexto económico exigente. As lojas monomarca enfrentam retração, com um corte de cerca de 25.000 m² de área de venda nos últimos meses. Nos Estados Unidos, os grandes armazéns reduziram aproximadamente 10% do espaço desde 2024. A Bain recomenda que as marcas reinventem o retalho físico, apostando em flagships maiores e mais imersivas.

A evolução geográfica também apresenta contrastes. A Europa deverá recuar entre 1% e 3%, enquanto o Médio Oriente deverá crescer entre 4% e 6%, apoiado por forte turismo em mercados como Dubai e Abu Dhabi. Regiões como América Latina, Sudeste Asiático, Índia e África assumem um papel crescente, representando conjuntamente cerca de 45 mil milhões de euros, valor comparável ao da China continental.

O relatório destaca ainda que o número global de consumidores de luxo caiu de 400 milhões em 2022 para 340 milhões em 2025. As margens EBIT das marcas de bens pessoais de luxo deverão situar-se entre 15% e 16%, regressando a níveis de 2009. A projeção até 2035 aponta para um mercado de bens pessoais entre 525 mil milhões e 625 mil milhões de euros, enquanto o luxo total poderá ascender a 2,2 a 2,7 biliões de euros.

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