A emergência da crise climática tem mobilizado milhões de jovens em todo o mundo. Contudo, apesar do seu envolvimento crescente, muitos sentem-se despreparados para agir de forma eficaz. Segundo o estudo “Young People’s Perspectives on Climate: Preparing for a Sustainable Future“, promovido pelo Research Institute da Capgemini em parceria com o Generation Unlimited da UNICEF, apenas 44% dos jovens consideram ter as competências ambientais exigidas pelo mercado de trabalho atual.
O estudo, que recolhe as opiniões de jovens entre os 16 e os 24 anos, revela um sentimento de ansiedade ambiental crescente, especialmente nas regiões urbanas e no hemisfério norte. Ainda assim, seis em cada dez jovens acreditam que o desenvolvimento de competências verdes pode abrir portas a novas oportunidades de carreira e 61% estão interessados em alinhar os seus percursos profissionais com causas ambientais.
Entre a motivação e a realidade: o défice de competências
Apesar do otimismo e da vontade de agir, existe um desfasamento claro entre a motivação dos jovens e as competências técnicas que possuem. As competências mais disseminadas continuam a ser a reciclagem e a redução de resíduos, mas é notório o declínio do conhecimento em áreas como design sustentável, energia e transportes desde 2023. A desigualdade é ainda mais evidente quando se compara o acesso à formação ambiental entre zonas rurais e urbanas, ou entre regiões como o hemisfério norte e sul. Enquanto 60% dos jovens brasileiros dizem ter competências verdes, apenas 5% dos jovens etíopes afirmam o mesmo.

O desejo de influenciar e a perceção de invisibilidade
A maioria dos jovens (71%) acredita que deveria ter uma voz ativa na definição de políticas ambientais. Contudo, menos de metade considera que os decisores têm em conta as suas opiniões. Esta perceção de distância entre intenção e escuta efetiva é um dos maiores desafios apontados no estudo. Apesar disso, quase dois terços dos inquiridos afirmam sentir-se confiantes para dialogar com líderes locais sobre ação climática.
Criar condições para a participação ativa
Os autores do estudo apontam três caminhos para ultrapassar o fosso geracional e capacitar os jovens para serem protagonistas da transição ecológica: integrar a educação ambiental nos currículos escolares, expandir o acesso a formação específica e alinhar os objetivos climáticos com políticas de emprego para os jovens. O envolvimento das empresas é também essencial, quer na criação de green jobs, quer no investimento em iniciativas lideradas por jovens.
Movimentos como o Green Rising, da Generation Unlimited com apoio da Capgemini, surgem como resposta a este desafio. A meta é ambiciosa: apoiar 20 milhões de jovens até 2026, oferecendo formação, oportunidades de voluntariado, ativismo, emprego e empreendedorismo no combate às alterações climáticas.

Um apelo à ação partilhada
Sarika Naik, Chief Corporate Responsibility Officer da Capgemini, defende que é urgente “transformar a paixão dos jovens em ações concretas com impacto positivo”. O Dr. Kevin Frey, CEO do Generation Unlimited da UNICEF, reforça que “os jovens estão a criar soluções inovadoras nas suas comunidades” e precisam do apoio de um ecossistema de parceiros para fazerem a diferença.
Apesar das lacunas identificadas, o estudo revela uma geração consciente, motivada e determinada a construir um futuro mais verde. A verdadeira urgência está agora do lado das instituições e empresas, que têm o dever de criar condições para que o potencial desta geração se traduza em impacto real e duradouro.