O primeiro semestre de 2025 marcou uma mudança estrutural no mercado residencial português: as famílias nacionais consolidaram a sua liderança, representando 77,7% das transações na rede Century 21 Portugal, face aos 68,1% no mesmo período de 2024. Esta evolução reforça a preponderância da procura interna, num contexto de ajustamento de critérios de compra para viabilizar a aquisição de habitação.
Em contrapartida, a procura estrangeira perdeu expressão relativa, apesar de se manter estável em termos absolutos. Países como os EUA, que em 2024 respondiam por 24% das leads internacionais, reduziram para 9,4% este ano. Os dados estão alinhados com as estatísticas do INE, que indicam que apenas 5,1% das casas foram adquiridas por não residentes no primeiro trimestre de 2025 – o valor mais baixo desde 2021.
Entre os mercados externos, destacam-se os aumentos expressivos de interesse provenientes da Alemanha e da Irlanda, bem como a evolução positiva de Espanha, França, Suíça e Reino Unido. A quebra mais significativa foi registada nos EUA, enquanto os Países Baixos apresentaram ligeira correção negativa.
No total, a rede Century 21 Portugal realizou 10.860 transações no primeiro semestre, num volume de negócios superior a 2.579 milhões de euros (+46% face a 2024). O preço médio de venda fixou-se nos 236.874 euros, com a faturação a subir para 65,7 milhões de euros (+35%).
A oferta continua limitada, apesar do aumento de angariações: foram assinados 8.506 novos contratos para casas usadas (+5%) e 6.026 para novas (+8%), com forte procura em zonas periféricas e cidades secundárias. Lisboa e Porto registaram crescimentos expressivos nas vendas, mas o destaque foi para o Algarve, com aumentos de 35% em usadas e 14% em novas.
Ricardo Sousa, CEO da Century 21 Portugal, defende um pacto de Estado para resolver o problema estrutural da habitação, incluindo a revisão dos PDM, atualização dos códigos de construção e políticas para mobilidade, natalidade e emprego jovem. “Enquanto Portugal mantiver um mercado de trabalho dinâmico e financiamento acessível, a procura vai continuar sólida. O travão não é a falta de interesse em comprar, mas o desfasamento entre rendimentos e preços das casas”, sublinha.
Para o segundo semestre, a rede prevê estabilização de preços nas zonas prime e potencial de valorização em cidades secundárias, acompanhando o deslocamento da procura para áreas mais acessíveis.