Indústria de Tabaco em Portugal Aposta em Inovação e Talento Jovem

O estudo do Iscte destaca a transformação da indústria do tabaco em Portugal, com foco em talento jovem e exportação de serviços.

Foto de freepik

A indústria do tabaco em Portugal está em plena transformação, atraindo cada vez mais talento jovem, qualificado e multicultural, ao mesmo tempo que reforça o seu contributo para a economia nacional. Esta é uma das principais conclusões da segunda edição do estudo “O impacto social e económico da indústria de tabaco em Portugal”, lançado pelo Iscte Executive Education. O estudo destaca o crescente peso das exportações de serviços de elevado valor acrescentado e a adaptação das empresas do setor para se manterem competitivas num cenário global.

O setor industrial do tabaco, composto por três grandes empresas – a Fábrica de Tabaco Micaelense, a Empresa Madeirense de Tabacos e a Tabaqueira, subsidiária da Philip Morris International (PMI) –, continua a ser um dos maiores contribuintes fiscais em Portugal. A Tabaqueira, responsável por 93% do valor gerado pela indústria, viu as suas exportações crescerem em 2023, atingindo quase 830 milhões de euros, o que a posiciona entre as 10 maiores exportadoras nacionais.

Além do impacto económico, o estudo revela uma significativa pegada social. A indústria do tabaco emprega diretamente mais de 3.000 trabalhadores e afeta indiretamente cerca de 50.000 pessoas em todo o país. Em algumas regiões, como os Açores e a Madeira, a indústria tem um impacto direto em mais de 1% da população ativa, refletindo a importância do setor no emprego local.

A Tabaqueira tem sido um motor importante nesta transformação, duplicando o número de trabalhadores desde 2017. O foco da empresa tem-se desviado da produção de cigarros para a oferta de serviços de alto valor acrescentado, com a criação de três Centros Operacionais de Excelência em Sintra, dedicados a operações, planeamento financeiro e engenharia tecnológica. Estes centros empregaram quase 400 trabalhadores altamente qualificados em 2023, com uma equipa jovem e diversificada – 45% dos colaboradores têm menos de 35 anos, e 10% são estrangeiros de 38 nacionalidades diferentes.

José Crespo de Carvalho, Presidente da Comissão Executiva do Iscte Executive Education, sublinhou que esta nova edição do estudo se focou na evolução do setor e na sua capacidade de atrair talento qualificado, essencial para a competitividade futura. A transformação da indústria, orientada pela inovação e sustentabilidade, é vista como um passo crucial para garantir o seu papel na economia portuguesa.

“O que vemos é uma indústria que está a saber reinventar-se. Isso é particularmente visível, naturalmente, naquele que é o grande operador deste setor, a Tabaqueira. Para um setor que tem demonstrado uma grande resiliência e muito dinamizador da economia portuguesa, essa capacidade de fazer diferente e ter uma visão com base na inovação e na sustentabilidade é vital”, salientou.

O estudo foi apresentado na conferência “Sintra do Futuro: Talento, Competitividade e Inovação”, organizada pelo Iscte Sintra, onde se debateram os desafios da qualificação de talento jovem e o papel das universidades na competitividade das indústrias.

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