Lisboa Entre as Capitais Menos Acessíveis da Europa

Lisboa é uma das capitais menos acessíveis da Europa, com despesas básicas superiores ao salário médio, segundo a Tradingpedia.

Lisboa, Portugal (foto de Ross Helen Photo em Freepik)

Lisboa é uma das cidades europeias mais procuradas por nómadas digitais e expatriados, mas continua a ser um desafio para quem vive e trabalha na capital portuguesa. Segundo um estudo da Tradingpedia, que analisou o custo de vida em 37 capitais europeias, Lisboa figura entre as menos acessíveis, com despesas mensais básicas que superam o salário médio nacional.

De acordo com a pesquisa, uma pessoa a viver sozinha em Lisboa precisa de cerca de 1.364 euros por mês para cobrir despesas essenciais como alimentação, habitação, transporte e entretenimento. No entanto, o salário médio na cidade é inferior em 141 euros, criando um défice que obriga muitos a recorrer à poupança ou a procurar rendimentos complementares. “Apesar da crescente popularidade da cidade, a vida em Lisboa continua inacessível para muitos dos seus habitantes”, conclui a análise.

A situação não é muito melhor para as famílias. As despesas mensais básicas para um agregado de quatro pessoas representam cerca de 83,3% da renda familiar, considerando dois salários médios. Este valor posiciona Lisboa entre as capitais menos acessíveis da Europa para famílias, ao lado de Atenas, Tirana e Varsóvia.

Varsóvia, Polónia (foto deEyeEm em Freepik)

Um contraste europeu acentuado

Em cidades como Luxemburgo, Berna ou Helsínquia, os custos de vida representam apenas cerca de 40% a 50% do salário médio, permitindo poupança significativa e maior qualidade de vida. Em Lisboa, o esforço financeiro é constante. “A capital portuguesa oferece um estilo de vida atrativo, mas os números mostram que, para os residentes locais, manter esse estilo de vida exige sacrifícios consideráveis”, observa o relatório da Tradingpedia.

A facilidade de deslocação dentro do espaço europeu e o clima ameno mantêm Lisboa como um destino desejado. No entanto, a diferença entre rendimento e custo de vida levanta questões sobre sustentabilidade e equidade urbana. O estudo deixa um alerta claro: “O apelo cultural e climático não pode esconder a realidade económica vivida por muitos lisboetas.”

Reykjavik, Islandia (foto de EyeEm em Freepik)

Do luxo de Reykjavik à frugalidade de Minsk

O estudo da Tradingpedia revela uma Europa dividida por profundas desigualdades no custo de vida. No topo da tabela surgem cidades como Reykjavik e Londres, onde as despesas mensais básicas ultrapassam os 2.900 euros para uma pessoa solteira. Em Reykjavik, por exemplo, o custo da habitação representa mais de dois terços das despesas mensais, o que torna a capital islandesa a mais cara da Europa. Também em Londres, um simples estúdio pode custar mais de 2.000 euros, sem contar com os custos de transporte e alimentação.

Amsterdão, Berna e Dublin completam o grupo das capitais mais dispendiosas, todas com custos mensais superiores a 2.300 euros. Apesar dos elevados salários médios nestas cidades, o peso das despesas básicas continua elevado. Como destaca a análise, “um alto rendimento não significa automaticamente uma vida confortável — o que importa é a percentagem do rendimento que sobra no final do mês.”

Sarajevo, Bósnia e Herzegovina (foto de Marina Datsenko em Freepik)

No extremo oposto, capitais como Minsk, Sarajevo e Chisinau surgem como as mais económicas. Em Minsk, o custo de vida ronda os 517 euros por mês, com rendas médias de apenas 272 euros. Em Sarajevo, viver custa cerca de 585 euros, o que a torna uma das opções mais baratas para quem procura baixo custo com alguma qualidade de vida. No entanto, a acessibilidade não é sinónimo de bem-estar: em Chisinau, por exemplo, o salário médio é inferior ao necessário para cobrir as despesas básicas, o que acentua o paradoxo da “vida barata, mas financeiramente insustentável”.

Uma das métricas mais reveladoras usadas pela Tradingpedia é a percentagem do rendimento consumido pelas despesas básicas. Em cidades como Luxemburgo, Berna ou Helsínquia, essa percentagem ronda os 40% a 50%, permitindo uma folga significativa no orçamento mensal. Já em Varsóvia, Tirana ou Lisboa, essa margem reduz-se drasticamente — ou até desaparece — evidenciando a pressão financeira sobre quem vive do salário médio.

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