Mais de metade dos jovens portugueses não acredita que conseguirá poupar o suficiente para garantir estabilidade financeira na reforma, segundo o Gen Z and Millennial Survey 2025 da Deloitte. O receio atinge 60% dos Millennials e 54% da Geração Z, valores bem acima das médias globais (44% e 41%, respetivamente).
O estudo indica que 52% dos Millennials e 54% da Geração Z vivem de salário em salário e uma parte significativa tem dificuldades em cobrir despesas básicas — 41% e 38%, respetivamente. O custo de vida elevado continua a ser a principal preocupação para estas gerações, seguido da saúde mental e da instabilidade política e geopolítica.
A ansiedade financeira também se reflete nas decisões académicas: 53% dos Millennials e 40% da Geração Z optaram por não prosseguir estudos no ensino superior devido a limitações financeiras, percentagens acima da média global. Muitos valorizam o desenvolvimento de competências fora do percurso académico tradicional, destacando as soft skills como essenciais para a progressão na carreira.
As ambições profissionais mostram uma tendência para a mudança: 46% dos Millennials e 27% da Geração Z já trocaram de setor ou de carreira, sobretudo em busca de melhores condições e horários mais flexíveis. A saúde mental no trabalho é outra preocupação: cerca de um terço dos inquiridos considera o emprego uma fonte relevante de stress, muitas vezes pela falta de reconhecimento e por cargas horárias excessivas.
O estudo também revela uma crescente utilização de inteligência artificial generativa no trabalho, com 54% da Geração Z e 48% dos Millennials a utilizá-la diariamente. As principais aplicações são a análise de dados, estratégia e criação de conteúdos, com a maioria a referir ganhos de produtividade e melhor equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Ainda assim, mais de metade procura funções menos vulneráveis à automação.
Realizado em 44 países e com 400 participantes em Portugal, o inquérito mostra que os jovens encaram o futuro com pragmatismo: querem independência financeira, equilíbrio vida-trabalho e estabilidade, mas sentem que estes objetivos estão cada vez mais difíceis de alcançar num contexto económico desafiante.