A confiança dos empregadores portugueses mantém-se positiva, mas o cenário de incerteza económica e instabilidade global está a travar uma abordagem mais otimista no mercado de trabalho nacional. Esta realidade foi destacada pelo mais recente estudo trimestral do ManpowerGroup Employment Outlook Survey.
Para o terceiro trimestre de 2025, a Projeção para a Criação Líquida de Emprego é de +16%, refletindo um recuo face ao trimestre anterior e ao mesmo período do ano passado. Esta descida traduz claramente uma abordagem mais conservadora das empresas perante os atuais desafios económicos e geopolíticos.
Rui Teixeira, Country Manager do ManpowerGroup Portugal, esclarece que, apesar de positivas, “as intenções dos empregadores refletem uma acentuada incerteza interna e internacional”. Destaca também que as empresas mantêm “o foco na contratação estratégica, adaptando-se a um cenário económico mais volátil”.
Setores em destaque e em queda
A cautela manifesta-se claramente em setores tradicionalmente fortes. Transportes, Logística e Automóvel (+9%) e Indústria Pesada e Materiais (+10%) revelam descidas significativas, tanto na comparação trimestral como anual. Em contrapartida, Energia e Utilities (+34%) e Serviços de Comunicação (+30%) são os mais otimistas, com aumentos notáveis face ao período homólogo.
Regionalmente, a Região Centro (+29%) e Região Sul (+24%), impulsionadas pelo turismo e sazonalidade, são as únicas regiões a revelar um crescimento positivo face aos trimestres anteriores. Em contraste, Grande Lisboa (+12%) e Região Norte (+5%) enfrentam claros sinais de abrandamento das contratações.
As empresas de menor dimensão são as mais afetadas pela conjuntura económica, com as microempresas a registarem uma redução líquida acentuada (-15%), refletindo as maiores quedas observadas entre todas as categorias empresariais.
Contexto global agrava cautela
Globalmente, o ambiente económico também revela sinais de cautela crescente, afetando particularmente as economias desenvolvidas. Tensões comerciais, instabilidade política e revisões em baixa das previsões económicas acentuam um sentimento de prudência generalizada, reduzindo a dinâmica de contratação.
Neste cenário, empregadores portugueses adotam estratégias mais prudentes, procurando mitigar os riscos num ambiente económico global cada vez mais incerto.
