Mercado imobiliário estabiliza e exige reformas para garantir habitação acessível

Mercado imobiliário português 2025 mostra estabilidade, mas exige reformas para garantir habitação acessível e mobilidade.

Na foto: Ricardo Sousa, CEO da Century 21 e da FINANCE21

A procura mantém-se ativa, mas o setor entra numa fase de estabilização e requer medidas estruturais para equilibrar preços, rendimentos e mobilidade.

O mercado imobiliário português mantém-se dinâmico, mas dá sinais claros de estabilização após um ciclo prolongado de valorização. De acordo com o mais recente Market Report da Century 21 Portugal, relativo ao terceiro trimestre de 2025, a rede registou 5 245 vendas — um aumento de 3,3% — e 1 516 arrendamentos, mais 11,1% face ao mesmo período de 2024.

Após quatro trimestres consecutivos de forte crescimento, o número de transações começa a estabilizar, refletindo uma procura mais seletiva e ajustada à oferta disponível. O volume total de vendas da rede atingiu 1,32 mil milhões de euros, com um crescimento homólogo de 21%, enquanto o preço médio das habitações subiu para 264 mil euros. Segundo a Century 21, estes resultados espelham um mercado em consolidação, mais maduro e atento ao poder de compra das famílias.

“O mercado mudou de escala, mas está a estabilizar. A procura mantém-se firme, tanto a nível nacional como internacional, embora com geografias e perfis de clientes diferentes”, refere Ricardo Sousa, CEO da Century 21 Portugal. O gestor destaca ainda que o preço médio das casas continua a ser um fator limitativo na concretização de negócios, obrigando os compradores a ajustarem expectativas quanto à localização e características dos imóveis.

Nos primeiros nove meses do ano, a rede contabilizou mais de 15 mil transações de venda e 4 200 arrendamentos, num volume global de 3,6 mil milhões de euros. A faturação total ultrapassou os 104 milhões de euros, um crescimento de 33,6% face a 2024. Estes indicadores confirmam a resiliência do setor e a sua adaptação a um contexto de maior seletividade e exigência.

Segundo o Banco de Portugal, o crédito à habitação totalizou 105,2 mil milhões de euros em agosto, refletindo um aumento moderado. Apesar de uma ligeira melhoria no acesso ao financiamento e da redução da taxa stressada de 3% para 1,5%, a taxa de esforço das famílias continua a ser o principal travão à compra de casa.

O Instituto Nacional de Estatística (INE) revela que o Índice de Preços da Habitação subiu 9,1% em 2024, com o preço mediano a atingir 1 777 euros por metro quadrado. As áreas metropolitanas de Lisboa e Porto mantêm-se como as mais caras, o que tem impulsionado a deslocalização da procura para zonas periféricas e para o interior do país — uma tendência que confirma as desigualdades regionais no acesso à habitação.

Para Ricardo Sousa, o futuro do setor depende de uma agenda de reformas estruturais. “É urgente modernizar o planeamento urbano, digitalizar o licenciamento e reforçar a coordenação intermunicipal. A resposta passa por aumentar a oferta acessível, promover um mercado de arrendamento robusto e medir o progresso com base em métricas objetivas — como o rácio entre preço e rendimento, os tempos de deslocação ou os prazos de licenciamento”, sublinha.

O CEO conclui que o desafio está na execução: “Menos discurso e mais ação. O futuro da habitação em Portugal vai definir-se pela capacidade de concretizar reformas que tornem o mercado equilibrado e sustentável.”

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