Nanomateriais: “Um salto científico que acelera o futuro da mobilidade elétrica”

O ISQ participa em projeto europeu que reduz em 15% o peso dos veículos elétricos com nanomateriais inovadores, promovendo maior eficiência energética.

Na foto: Paulo Morais, gestor de projeto no ISQ

“Os avanços conseguidos não são apenas técnicos; são um passo gigante para a mobilidade sustentável.” A frase de Paulo Morais, gestor de projeto no ISQ, resume o impacto do projeto europeu FLAMINGo, onde o ISQ teve um papel decisivo. Ao fim de quatro anos de investigação aplicada, este consórcio internacional desenvolveu compósitos de alumínio reforçados com nanopartículas (Al-MMnC) que permitem substituir peças de aço em veículos elétricos, reduzindo o peso total dos automóveis em 15% — sem comprometer a resistência nem o desempenho.

Um novo material, uma nova eficiência

O projeto envolveu 11 parceiros de oito países europeus, entre eles o ISQ em representação de Portugal, e contou com um investimento de 4,4 milhões de euros. A missão era clara: criar uma nova geração de compósitos metálicos capazes de elevar a mobilidade elétrica a um novo patamar de eficiência energética. Ao combinar avanços em metalurgia e moldagem industrial, foram produzidas três toneladas de Al-MMnC, das quais 200 kg com recurso a materiais reciclados. Com a incorporação de 100 kg de nanopartículas, foi possível alcançar níveis inéditos de rigidez e leveza.

Seis processos industriais foram validados com os novos materiais e, em ambiente de testes, foram substituídos quatro componentes automóveis — entre eles o steering knuckle — com reduções de 45% no peso desses elementos e um impacto direto na diminuição do peso total do veículo em 15%.

Foto de Freepik

Do laboratório para a estrada

A contribuição do ISQ passou pela soldabilidade dos novos materiais, através de testes com diferentes geometrias de juntas e subsequente caracterização metalográfica, mecânica e não destrutiva. Para além disso, o ISQ validou a performance de componentes estruturais em ambiente real, recorrendo a simulações numéricas, sensorização aplicada ao chassis e à realização de ensaios de carga. Inspeções por tomografia computorizada permitiram ainda detetar possíveis defeitos pós-teste.

A dimensão da segurança também não foi descurada. O ISQ realizou uma análise de risco ocupacional para avaliar os processos associados à produção de nanopartículas e propôs boas práticas para toda a cadeia de valor, promovendo uma abordagem responsável e segura à inovação com nanomateriais.

Uma nova era na engenharia automóvel

O projeto FLAMINGo demonstra que a redução de emissões na mobilidade elétrica começa muito antes de os veículos chegarem à estrada — começa nos materiais. A incorporação de soluções como o Al-MMnC abre caminho a veículos mais leves, mais eficientes e, acima de tudo, mais sustentáveis. Para o ISQ, esta conquista é mais do que um avanço tecnológico; é um contributo concreto para uma indústria automóvel mais verde e competitiva na Europa.

Com o trabalho desenvolvido, Portugal — através do ISQ — afirma-se como parceiro científico de excelência na inovação europeia para a mobilidade do futuro.

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