Em entrevista ao Empreendedor, Diogo Castelos, Project Manager da JEE Autumn Conference 2025 e Vice-Presidente para Assuntos Internos da In-Nova, explica como a Junior Enterprises Europe está a reforçar standards comuns, ampliar a cooperação transnacional e preparar a próxima geração de líderes europeus.

A JEE Autumn Conference 2025, organizada pela In-Nova (NOVA FCT) e pela IJC (ISCTE), reuniu em Lisboa mais de 300 participantes na maior edição de sempre do evento europeu destinado a apoiar e divulgar o papel das Junior Enterprises na Europa. Diogo Castelos, um dos responsáveis pela organização explica que este movimento europeu de formação e cooperação tem por missão formar a próxima geração de empreendedores.

Uma federação europeia construída sobre qualidade, integração e legitimidade

A Junior Enterprises Europe é, nas palavras de Diogo Castelos, “a federação que representa oficialmente o Movimento Júnior Empresarial a nível europeu”. A sua missão assenta em criar um enquadramento comum que permita às federações nacionais e às Júnior Empresas atuar com maior credibilidade, reconhecimento e impacto.

“Acreditamos que uma acreditação sólida a nível europeu tem um efeito trickle-down, facilitando a criação, a legitimidade e a atuação das Júnior Empresas ao nível nacional”, afirma. Ao estabelecer standards europeus de qualidade e ética, a JEE garante que o movimento cresce de forma sustentável e alinhada em toda a Europa.

Portugal tem desempenhado um papel relevante nesta evolução. “As Júnior Empresas portuguesas contribuem ativamente para este propósito, destacando-se pela maturidade organizacional, pela capacidade de liderar iniciativas internacionais e pela forte participação em grupos de trabalho europeus”, sublinha.

Estratégia comum e cooperação transnacional para fortalecer o movimento

A JEE atua como estrutura de referência para as federações nacionais, definindo prioridades estratégicas que consolidam o movimento a longo prazo. Diogo Castelos destaca três eixos essenciais.

O primeiro é a harmonização de standards: “Garantimos critérios comuns de qualidade, governança e ética, fortalecendo o reconhecimento das Júnior Empresas em toda a Europa.” O segundo é a integração transnacional: “Criamos redes, projetos e estruturas partilhadas que permitem alinhar práticas, trocar experiências e desenvolver iniciativas conjuntas.” O terceiro é a representação institucional: “Trabalhamos para que a voz do movimento seja considerada nas discussões europeias sobre educação, inovação, emprego jovem e empreendedorismo.”

Para Castelos, o impacto da JEE não se mede apenas nas iniciativas visíveis, mas no ecossistema que constrói: “Mais do que capacitar estudantes diretamente, criamos o enquadramento, os standards e a legitimidade que permitem às federações nacionais formar a próxima geração de empreendedores.”

Autumn Conference 2025: conhecimento partilhado e cultura de colaboração

A edição deste ano da conferência europeia, que decorreu em novembro, em Lisboa, marcou um momento significativo para o movimento europeu, não apenas pela dimensão recorde, mas pela forma como elevou o nível organizativo e formativo.

“A conferência destacou-se pela qualidade logística, pela agilidade estrutural e pela forma profissional como as equipas portuguesas conduziram todo o processo”, resume Castelos. A partilha contínua de boas práticas foi, segundo ele, um dos aspetos mais valorizados.

“A troca aberta de conhecimento — desde modelos de gestão a metodologias de consultoria — reforçou a ideia de que o movimento cresce quando o conhecimento circula de forma colaborativa.” O balanço global demonstra que o impacto resulta da combinação entre estruturação empresarial, aprendizagem conjunta e trabalho em equipa, pilares que consolidam o movimento europeu para lá da conferência.

Novas iniciativas para aprofundar o impacto europeu

A JEE está a lançar novas estruturas e programas que procuram reforçar a identidade e o papel institucional do movimento. Um dos mais relevantes é o JEE Policy Hub, que será apresentado no Parlamento Europeu no final de janeiro. “É o nosso novo think tank, onde delegados dos 16 membros nacionais irão produzir policy papers sobre educação, inovação, emprego jovem e empreendedorismo”, explica Castelos.

Outra prioridade é a expansão do movimento para países onde ainda não existem federações nacionais. “Estamos a promover eventos que acelerem o desenvolvimento dessas estruturas. Um exemplo é a preparação de uma case competition em Madrid.”

Além disso, a federação dinamiza formações, intercâmbios, grupos de trabalho e iniciativas multilaterais que reforçam a cooperação entre países e consolidam a identidade europeia do movimento júnior.