Neste artigo, Laizia Santana explora como a máxima “No poupar é que está o ganho” se torna um pilar da literacia financeira infantil, reforçando autonomia, responsabilidade e visão de futuro desde os primeiros anos.
Formar competências empreendedoras desde a infância é um investimento determinante para o futuro, sobretudo quando princípios essenciais ‑ como a máxima “No poupar é que está o ganho” ‑ são trabalhados de forma simples e significativa no quotidiano das crianças. Esta aprendizagem precoce manifesta-se em duas dimensões complementares: por um lado, a formação de cidadãos autónomos, responsáveis e capazes de tomar decisões conscientes; por outro, a construção gradual de uma mentalidade empreendedora que, em muitos casos, pode vir a refletir-se no futuro profissional.
Neste contexto, Lukinha e o Cofre Dourado será utilizada como base conceptual principal, por apresentar uma metáfora pedagógica clara e acessível sobre poupança, responsabilidade e tomada de decisão.

Porquê “No poupar é que está o ganho”?
A expressão popular “No poupar é que está o ganho” traduz uma ideia essencial para a educação financeira e para o desenvolvimento de competências empreendedoras desde a infância. Poupar não significa apenas guardar dinheiro; significa aprender a gerir recursos, fazer escolhas responsáveis e planear o futuro com intencionalidade.
Enquanto pedagoga e empreendedora digital, eu, Laizia Santana, observo na prática que estes hábitos simples consolidam competências essenciais, promovendo autonomia, responsabilidade e uma visão mais estratégica do futuro.
O poupar torna-se, assim, uma prática que promove:
• Autonomia, porque a criança percebe que tem poder sobre as suas decisões;
• Responsabilidade, porque aprende a cuidar do que possui;
• Planeamento, porque entende que resultados valiosos exigem organização e constância;
• Visão de longo prazo, porque percebe que ganhos duradouros raramente acontecem de forma imediata.

As sementes do empreendedorismo na infância
Diversas pesquisas em psicologia do desenvolvimento e educação financeira demonstram que as competências empreendedoras começam a formar-se muito antes da vida adulta, frequentemente na infância. As abordagens de autores como Howard Gardner e Jean Piaget evidenciam que os primeiros anos são decisivos para habilidades como autonomia, criatividade, pensamento crítico e resolução de problemas ‑ pilares estruturantes do comportamento empreendedor.
Paralelamente, estudos sobre educação económica infantil, amplamente analisados pela OECD, mostram que crianças expostas a práticas simples como planear pequenas metas, gerir recursos limitados, poupar quantias simbólicas ou tomar decisões sobre prioridades, tendem a desenvolver competências como:
• Visão de longo prazo
• Planeamento e execução de pequenas metas
• Capacidade de lidar com frustrações
• Autonomia no quotidiano
• Consciência do valor do esforço e da recompensa.

Poupança, responsabilidade e mentalidade empreendedora
Ensinar uma criança a poupar, organizar tarefas ou tomar decisões fortalece uma mentalidade empreendedora que pode acompanhá-la ao longo da vida. Muitos empresários relatam que os seus primeiros contactos com responsabilidade financeira ou microatividades começaram ainda na infância, moldando comportamentos persistentes de iniciativa, resiliência e visão estratégica.
Importa salientar que educação empreendedora não significa formar apenas futuros empresários, mas potenciar capacidades valiosas como autonomia, responsabilidade, pensamento crítico e capacidade de gestão, aplicáveis em qualquer percurso académico, profissional ou pessoal.
A autora e a obra: Lucimar S. F. do Espírito Santo
A autora de Lukinha e o Cofre Dourado, Lucimar S. F. do Espírito Santo, é reconhecida pelo seu empenho na promoção da literacia financeira infantil através de narrativas sensíveis, educativas e profundamente humanas. A sua escrita realça valores como empatia, partilha, responsabilidade e consciência social.
Nesta obra, Lukinha é um menino curioso que descobre que o valor do “dourado” não se limita ao brilho das moedas, mas ao significado das pequenas ações diárias. O cofre ‑ ilustrado de forma vibrante por Cauê do Vale Cury ‑ torna-se um símbolo de escolhas, afetos e aprendizagens que transcendem o material.

No poupar é que está o ganho: uma filosofia aplicada ao quotidiano infantil
A expressão sintetiza princípios centrais de literacia financeira e educação para a cidadania: disciplina, paciência, autocontrolo e responsabilidade. Para as crianças, esta filosofia traduz-se em práticas como:
• Guardar uma parte da mesada
• Distinguir desejos de necessidades
• Planear pequenas metas
• Esperar, observar e compreender resultados
Estes comportamentos, trabalhados de forma lúdica, fortalecem processos de decisão, organização e maturidade emocional.

Poupa mais: atividades práticas para escolas e famílias
A frase “Poupa mais”, amplamente pesquisada por pais e educadores, pode transformar-se em atividades educativas enriquecedoras. Entre as estratégias eficazes encontram-se:
• Jogos de simulação de compras
• Desafios de poupança semanal
• Planeamento visual de metas
• Registos ilustrados do progresso
Iniciativas escolares e projetos de literacia financeira reforçam a importância de envolver as crianças em decisões quotidianas ‑ sempre com orientação pedagógica ‑ para promover autonomia e responsabilidade.
Narrativa, metáforas e aprendizagem prática
De acordo com o site Como Gabaritar, a força pedagógica de Lukinha e o Cofre Dourado reside na capacidade de transformar conceitos abstratos em vivências narrativas que a criança compreende e aplica. Três atividades especialmente eficazes incluem:
- Dramatização de cenas-chave, reforçando a compreensão emocional;
- Construção de cofres simbólicos, representando metas;
- Registos visuais das aprendizagens, permitindo observar evolução.
Estas práticas articulam narrativa, emoção e ação pedagógica, tornando a aprendizagem mais significativa.

Avaliação de competências na infância
Avaliar competências empreendedoras na infância implica observar atitudes e processos, mais do que resultados numéricos. Entre os instrumentos adequados encontram-se:
• Portefólios individuais
• Diários de poupança
• Rubricas de observação
• Projetos participativos
Estas ferramentas permitem acompanhar progressos em áreas como iniciativa, criatividade, autonomia e capacidade de resolver problemas.
Educar para o futuro através da poupança
Promover competências empreendedoras na infância vai muito além da preparação para o mundo dos negócios. Trata-se de fortalecer capacidades socioemocionais e cognitivas que acompanham o indivíduo por toda a vida. Ao integrar máximas como “No poupar é que está o ganho” e “Poupa mais” com ferramentas narrativas como Lukinha e o Cofre Dourado, pais e educadores contribuem para a formação de crianças mais autónomas, responsáveis, criativas e preparadas para enfrentar desafios num mundo em constante evolução.







