O hype das startups pode desviar o foco do que realmente interessa

Neste artigo, Miguel Cordeiro explica como o hype das startups pode desviar os empreendedores de resolver problemas reais.

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O hype das startups tornou-se um íman para novos empreendedores. Mas nem todos os negócios precisam de uma ideia disruptiva ou da ambição de se tornar um unicórnio. Concentrar-se em resolver problemas concretos do dia-a-dia pode ser mais eficaz — e menos arriscado — do que tentar dar um passo maior do que a perna.

O fascínio pelas startups e o risco de deslumbramento

Nos últimos anos, a narrativa dominante no ecossistema empreendedor tem privilegiado a ideia da startup como o modelo de sucesso por excelência. Termos como “unicórnio”, “escala rápida” ou “tecnologia disruptiva” estão por todo o lado. No entanto, esta obsessão pelo crescimento acelerado e pela inovação a todo o custo pode levar muitos empreendedores a cometer erros precoces.

Entre os mais comuns está o desvio do foco: em vez de resolverem um problema real, os empreendedores concentram-se em construir produtos “visionários” que ainda não têm mercado. A pressão para inovar pode tornar-se uma armadilha, levando a decisões desajustadas e a investimentos em ideias que o público ainda não está preparado para adotar.

hype das startups
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A experiência de um erro comum

Quem já passou por essa experiência sabe como o entusiasmo inicial pode toldar o juízo. Foi o que aconteceu comigo, ao apostar numa solução tecnológica ligada ao metaverso e à criação de feiras virtuais. A ideia parecia avançada, mas a realidade mostrou-se diferente: a tecnologia ainda não estava madura e o público simplesmente não estava interessado em participar nesses eventos. Resultado? Um produto demasiado complexo para um mercado inexistente.

Esta história não é exceção. É o reflexo de um padrão comum em ambientes marcados pelo hype. A tentação de estar “na crista da onda” é grande, mas raramente compensa quando não há base sólida nem validação junto do público-alvo.

O que aprendemos com os erros

A principal lição que se retira destas experiências é clara: simplificar e testar cedo. Em vez de se deixar levar por tendências tecnológicas, o empreendedor deve concentrar-se em criar produtos ou serviços simples, que possam ser rapidamente validados. Estratégias como o lean startup não são apenas modas metodológicas — são formas pragmáticas de evitar desperdício de tempo e recursos.

Outra lição importante é manter o controlo sobre os processos do negócio. Desde o desenvolvimento da aplicação à entrega final do serviço, é essencial ter uma visão clara de cada etapa. Delegar cegamente ou perder o fio ao processo pode levar a surpresas desagradáveis.

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Resolver problemas reais deve ser o ponto de partida

A única regra de ouro que vale a pena repetir é esta: concentre-se em resolver os problemas dos seus clientes e não se deixe levar pelo hype das startups. Em vez de imaginar soluções para cenários hipotéticos, olhe para as dificuldades concretas que as pessoas enfrentam no seu dia-a-dia. A partir daí, desenhe algo que seja útil, simples e testável.

Nem todos os empreendedores precisam de criar a próxima grande startup. Muitas vezes, o sucesso está em fazer bem o básico, num nicho bem identificado e com processos bem definidos.

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