O hype das startups tornou-se um íman para novos empreendedores. Mas nem todos os negócios precisam de uma ideia disruptiva ou da ambição de se tornar um unicórnio. Concentrar-se em resolver problemas concretos do dia-a-dia pode ser mais eficaz — e menos arriscado — do que tentar dar um passo maior do que a perna.
O fascínio pelas startups e o risco de deslumbramento
Nos últimos anos, a narrativa dominante no ecossistema empreendedor tem privilegiado a ideia da startup como o modelo de sucesso por excelência. Termos como “unicórnio”, “escala rápida” ou “tecnologia disruptiva” estão por todo o lado. No entanto, esta obsessão pelo crescimento acelerado e pela inovação a todo o custo pode levar muitos empreendedores a cometer erros precoces.
Entre os mais comuns está o desvio do foco: em vez de resolverem um problema real, os empreendedores concentram-se em construir produtos “visionários” que ainda não têm mercado. A pressão para inovar pode tornar-se uma armadilha, levando a decisões desajustadas e a investimentos em ideias que o público ainda não está preparado para adotar.
A experiência de um erro comum
Quem já passou por essa experiência sabe como o entusiasmo inicial pode toldar o juízo. Foi o que aconteceu comigo, ao apostar numa solução tecnológica ligada ao metaverso e à criação de feiras virtuais. A ideia parecia avançada, mas a realidade mostrou-se diferente: a tecnologia ainda não estava madura e o público simplesmente não estava interessado em participar nesses eventos. Resultado? Um produto demasiado complexo para um mercado inexistente.
Esta história não é exceção. É o reflexo de um padrão comum em ambientes marcados pelo hype. A tentação de estar “na crista da onda” é grande, mas raramente compensa quando não há base sólida nem validação junto do público-alvo.
O que aprendemos com os erros
A principal lição que se retira destas experiências é clara: simplificar e testar cedo. Em vez de se deixar levar por tendências tecnológicas, o empreendedor deve concentrar-se em criar produtos ou serviços simples, que possam ser rapidamente validados. Estratégias como o lean startup não são apenas modas metodológicas — são formas pragmáticas de evitar desperdício de tempo e recursos.
Outra lição importante é manter o controlo sobre os processos do negócio. Desde o desenvolvimento da aplicação à entrega final do serviço, é essencial ter uma visão clara de cada etapa. Delegar cegamente ou perder o fio ao processo pode levar a surpresas desagradáveis.
Resolver problemas reais deve ser o ponto de partida
A única regra de ouro que vale a pena repetir é esta: concentre-se em resolver os problemas dos seus clientes e não se deixe levar pelo hype das startups. Em vez de imaginar soluções para cenários hipotéticos, olhe para as dificuldades concretas que as pessoas enfrentam no seu dia-a-dia. A partir daí, desenhe algo que seja útil, simples e testável.
Nem todos os empreendedores precisam de criar a próxima grande startup. Muitas vezes, o sucesso está em fazer bem o básico, num nicho bem identificado e com processos bem definidos.