Quando se fala em crédito, a duração do contrato é um dos fatores que mais influencia o custo total do empréstimo e o equilíbrio das finanças pessoais. Não é incomum que os consumidores procurem prazos mais longos, como os empréstimos a 120 meses, na tentativa de baixar o custo mensal – especialmente em soluções como o crédito consolidado ou o crédito pessoal. Mas será esta uma boa decisão?
A resposta depende, como quase tudo no mundo financeiro, do contexto de cada pessoa e do objetivo do crédito. Ainda assim, há princípios universais que podem ajudar a perceber se um crédito a 120 meses faz ou não sentido.
Prazos Longos: Mais Folga no Imediato, Mas Custo Mais Alto no Futuro
Optar por pagar um crédito em 10 anos significa, na prática, distribuir o valor total em mais prestações. Isso traduz-se numa mensalidade mais baixa e, portanto, um alívio imediato no orçamento familiar. Porém, equivale também a um custo total mais elevado, já que os juros incidem durante um período mais longo.
É o chamado “trade-off” do crédito:
- Prazos curtos = prestações mais altas, custo total mais baixo.
- Prazos longos = prestações mais baixas, custo total mais alto.
Em suma, há mais conforto no presente, mas paga mais no final. Adicionalmente, reduzir a prestação pode criar a ilusão de maior capacidade financeira e muitos consumidores acabam por contrair novos créditos, voltando ao ponto de partida.
Além da acumulação de juros, deve lembrar-se de que um crédito 120 meses é um compromisso de longo prazo – 10 anos, mais concretamente. Mudanças na vida pessoal ou profissional, como desemprego ou aumento de encargos, podem tornar essa dívida mais difícil de gerir.
Quando Pode Ser uma Boa Opção?
Apesar do custo adicional, existem situações em que um prazo alargado pode ser uma escolha racional e responsável.
1. Quando a Taxa de Esforço é Elevada
Se mais de 40% a 50% do rendimento mensal está comprometido com créditos, alongar o prazo pode ser uma forma de aliviar a taxa de esforço e evitar incumprimentos nos pagamentos. É uma estratégia legítima de equilíbrio financeiro, desde que acompanhada de um plano de reorganização das finanças.
2. Quando se Consolida Créditos
No crédito consolidado, o prazo pode chegar aos 10 anos. O objetivo da consolidação é precisamente reduzir o peso das prestações mensais, trocando várias dívidas dispersas por uma única, mais ajustada à realidade do orçamento familiar.
3. Quando o Crédito Financia um Projeto de Longo Prazo
Se o crédito serve para investir num ativo duradouro (como obras estruturais em casa ou educação superior), pode fazer sentido que o prazo acompanhe a “vida útil” desse investimento. Assim, o custo distribui-se ao longo de um período que reflete a utilização real do empréstimo.
Encontrar o Equilíbrio Certo
O seu objetivo deve ser, por isso, encontrar o equilíbrio entre o custo mensal do empréstimo e o seu custo total (ou MTIC – Montante Total Imputado ao Consumidor). Para isso, vale sempre a pena simular diferentes cenários alterando o prazo e comparando valores.
Pagar um crédito em 10 anos pode ser uma solução inteligente em determinadas situações, sobretudo quando o objetivo é aliviar encargos e evitar incumprimentos. Mas deve ser uma decisão consciente, ponderando não apenas o valor da prestação, mas o custo total e o impacto no futuro financeiro.
Ferramentas como simuladores de crédito consolidado ou pessoal online permitem fazer estas comparações e confrontar as condições propostas por diferentes instituições. Ou seja, vai perceber de forma rápida o impacto de cada escolha.