Portugal em 2025: Um Ecossistema Estável, Mas em Fase de Maturação Lenta

Apesar da estabilidade no ranking global, o ecossistema de startups em Portugal revela desafios de especialização e maturação. Leiria, Faro e Cantanhede destacam-se como sinais promissores.

Ilustração de Pikisuperstar em Freepik

O ecossistema de startups português consolidou-se como um destino atrativo no panorama global, mas o ritmo de crescimento começa a evidenciar sinais de maturação, exigindo novas estratégias para manter a competitividade. Segundo o Global Startup Ecosystem Index 2025, Portugal manteve a 29.ª posição entre os 110 países analisados, num universo de mais de 1.450 cidades, mas essa estabilidade esconde desafios estruturais que merecem atenção.

A análise da StartupBlink revela que Portugal registou um crescimento de 15,1% no índice global — o que, embora positivo, representa um abrandamento face a países concorrentes que registaram aumentos acima de 20%. Esta evolução mantém o país num limiar competitivo, mas evidencia a necessidade de reforçar o investimento em setores estratégicos e diversificar as áreas de especialização.

Ao contrário de outras nações com ecossistemas já consolidados, como a Suécia ou os Países Baixos, Portugal continua a depender fortemente de dois polos — Lisboa e Porto — que, em 2025, não conseguiram acompanhar a dinâmica das cidades emergentes. O relatório destaca ainda a falta de especialização setorial, observando que Portugal ainda não se afirmou como hub de referência em nenhum dos segmentos tecnológicos analisados (Fintech, Healthtech, Foodtech, etc.).

Em termos globais, os setores que mais cresceram em 2025 foram os de Hardware & IoT (+42,5%), Energia & Ambiente (+41,1%) e Foodtech (+40,8%). Por oposição, o segmento EdTech foi o único a registar um decréscimo (-2,3%), refletindo uma desaceleração do entusiasmo verificado nos anos anteriores, em parte devido à saturação de mercado pós-pandemia.

O relatório não fornece dados detalhados sobre os tipos mais comuns de startups em Portugal, mas sublinha que os ecossistemas que lideram globalmente tendem a especializar-se em setores concretos. Nesse sentido, a ausência de uma “vocação dominante” poderá ser um fator limitador para o posicionamento internacional do país.

Outro fator identificado é a necessidade de melhoria na recolha e disponibilização de dados sobre o ecossistema. A StartupBlink salienta que “a transparência, os dados acessíveis e a medição sistemática de resultados são pilares fundamentais para ecossistemas eficazes”, apontando implicitamente lacunas ainda existentes em Portugal neste domínio.

A descentralização pode, no entanto, representar uma oportunidade. A entrada de cidades como Cantanhede e Faro no ranking global — juntamente com a ascensão de Leiria — mostra que há potencial para uma maior capilarização da inovação. Estas regiões poderão assumir um papel relevante nos próximos anos, desde que apoiadas por políticas públicas consistentes e infraestruturas de apoio ao empreendedorismo.

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