Portugal lidera apoio à democracia e à liberdade de expressão online

Portugal lidera apoio à democracia e liberdade de expressão online, segundo estudo europeu.

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O estudo Democracia na Era da IA, da Kantar para o Vodafone Institute, revela que Portugal está entre os países que mais valorizam a democracia e a liberdade de expressão online, reforçando também o papel dos media tradicionais no combate à desinformação.

Segundo o estudo, 84% dos portugueses consideram “muito” ou “extremamente importante” viver em democracia, uma das percentagens mais elevadas da Europa. A valorização da liberdade de expressão online também coloca Portugal na liderança, com 64% de apoio, acima da média europeia (52%).

O relatório mostra ainda que 73% dos inquiridos em Portugal veem o diálogo digital como uma oportunidade para fortalecer a democracia. Esta perceção positiva convive, contudo, com uma satisfação modesta: apenas 22% se mostram muito satisfeitos com o funcionamento da democracia nacional, alinhando com a média europeia.

O papel do jornalismo editorial é claramente reforçado. De acordo com o estudo, 63% dos portugueses consideram que a importância dos media tradicionais aumentou com a ameaça de fake news, valor acima da média europeia (53%). A televisão e a rádio permanecem os principais meios de verificação de factos no país, segundo o relatório Democracy in the Age of AI.

A exposição à desinformação acompanha a tendência europeia: 28% dos portugueses afirmam ter encontrado notícias falsas com frequência nos últimos meses, valor ligeiramente acima da média (27%). As motivações mais citadas para a disseminação de fake news incluem a tentativa de influenciar eleições e enfraquecer adversários políticos.

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Europa dividida entre valorização democrática e insatisfação institucional

No conjunto dos doze países analisados, 75% dos europeus atribuem grande importância à democracia, embora apenas 22% estejam muito satisfeitos com o seu funcionamento. O relatório evidencia assim um desfasamento entre valores democráticos e perceção institucional, mais acentuado nos países do centro e leste europeu.

A desinformação surge como um dos riscos sistémicos mais referidos: 27% dos europeus dizem ter encontrado fake news com muita frequência, com maior incidência entre jovens dos 18 aos 24 anos (38%). Apesar disso, os media tradicionais mantêm-se como fonte de verificação de confiança — 69% dos europeus recorrem à televisão ou rádio para confirmar informação política.

Relativamente à inteligência artificial, a Europa mantém uma visão ambivalente. 39% dos inquiridos veem a IA como ameaça à democracia, enquanto 32% valorizam mais as oportunidades do que os riscos. Os receios maiores estão associados à possibilidade de manipulação eleitoral através de conteúdos gerados por IA e à erosão da confiança nas instituições.

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Regulação digital: forte apoio às medidas europeias

O estudo mostra um consenso significativo quanto à necessidade de regulação. A maioria dos europeus apoia medidas previstas no Digital Services Act e no AI Act, incluindo:
‑ identificação obrigatória de conteúdos gerados por IA;
‑ intervenção das autoridades nacionais contra discurso de ódio e fake news;
‑ utilização de ferramentas específicas para detetar manipulação digital.

Portugal destaca-se novamente: cerca de 70% dos inquiridos nacionais expressam apoio à identificação de conteúdos produzidos por IA, um dos níveis mais elevados entre os países analisados.

O Vodafone Institute resume esta tendência afirmando que “os cidadãos desejam inovação, mas não à custa da integridade democrática”, destacando a necessidade de garantir transparência e responsabilização nas plataformas digitais.

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