Portugal ultrapassa Espanha e Reino Unido na adoção de pagamentos digitais e no comércio eletrónico transfronteiriço, consolidando-se como um dos países mais avançados da Europa na modernização do consumo digital.
O ponto de venda tornou-se o epicentro da transformação digital. Segundo o relatório da Nuek, empresa tecnológica da Minsait (Indra Group), Portugal é o único país europeu analisado com mais de 50% de disponibilidade de pagamentos via SoftPOS — tecnologia que transforma smartphones e tablets em terminais de pagamento sem contacto. Espanha segue entre os 30% e 40%, e o Reino Unido ainda abaixo desse patamar.
O estudo, baseado em 5.200 inquéritos em 13 países, revela uma clara vantagem portuguesa na adoção destas soluções, embora persistam barreiras de adoção e uma forte brecha geracional. Entre os maiores de 55 anos, apenas 13% já utilizou SoftPOS e 42% desconhece a tecnologia.
“Durante décadas, a aceitação de pagamentos digitais esteve limitada a um modelo físico, rígido e dispendioso”, afirma Javier Rey, diretor executivo da Nuek. “O que vemos hoje é uma mudança de paradigma: o terminal integra-se no smartphone, o comércio ganha agilidade e os custos reduzem-se drasticamente.”

Débito direto ganha força nas subscrições
Os pagamentos por subscrição estão a crescer no comércio local e digital. Em Portugal, 36% da população bancarizada já adota este modelo, acima de Espanha, Itália e Reino Unido, onde o valor não ultrapassa 33%.
Os portugueses destacam-se ainda pelo uso do débito direto (44%) como método preferencial, refletindo uma tendência mais moderna e automatizada, enquanto o cartão de crédito físico é usado por apenas 4%. A principal motivação é a conveniência e a segurança, enquanto os descontos têm um peso marginal.
Na América Latina, os jovens impulsionam o fenómeno das subscrições: 58% dos consumidores entre os 18 e 34 anos valorizam a rapidez como principal fator de escolha.

Comércio eletrónico sem fronteiras
O comércio eletrónico transfronteiriço é outro domínio em que Portugal se destaca. Quase metade das compras online realizadas no país (45%) são internacionais, acima de Itália (39%), Espanha (29%) e Reino Unido (17%).
Além disso, 53% dos portugueses bancarizados já compraram fora da União Europeia, o que revela uma notável abertura ao consumo global. Ainda assim, 60% dos inquiridos reportaram dificuldades, como custos adicionais, câmbio desfavorável e falta de opções de pagamento seguras — aspetos que continuam a travar o pleno desenvolvimento do e-commerce internacional.

Um novo paradigma digital
Portugal surge, assim, como um caso exemplar de transformação digital no setor financeiro e comercial. A combinação entre inovação tecnológica, confiança nos pagamentos móveis e abertura ao comércio internacional posiciona o país entre os mais avançados da Europa nesta nova economia digital.